28 janeiro 2008

Im Portimão 'tá lá uma récita de carnaval...

Revista carnavalesca do Boa Esperança 'Bicha a dar com um pau'
'Tá uma récita de carnaval im Vila Nova, punhana!, qu' é duma pessoa se desmanchar a rir...

Este ano, inda mal nã se passô o Dia de Festa e o Ano Bom, já o intrudo aí 'tá tamém. Isto p'a nã falar nas mortepórques que se fazeram nos entervás. Más um nada e pegava tudo umas coisas nas ôtras d' infiada qu' uma pessoa nem tampôco tinha tempo p'a desmoer as f'lhózes e os piques de fresneco...

E nã bastando já isso, uma amiga e conhecida da minha Maria e da minha c'madre C'stóida - a 'Zabel V'tóira - que mora lá p' ô Vale das Hortas ó ali perto, más é cá destas bandas, desafiô-as p'a s' ir ver uma récita qu' eles fazem lá im Vila Nova tôd's anos.

P'r o jêto, q'ondo elas as três eram novas, usavam a ir fazer o V'rão todas juntas lá p' ô Algarve, numa côrela muntíss'mo de grande que des que tinha tantos figos e farrôbas ó tã pôcos que nem uma dúiza de m'lheres as davam panhado a tempo e horas, trabalhando de sol a sol. E foi daí qu' elas f'caram amigas e adonde a 'Zabel arrenjô casamento e f'cô p'r lá. Mái já inviuvô, pobrezinha...

De manêras que, em elas tendo falado tal coisa, quem é qu' as dava sustido sem irem lá... Foi-se e foi-se mémo!... E vomecêas, se t'verem ocasião, tamém nã percam de ver uma coisa tã ingraçada. Aquilo é uma récita de carnaval que 'tá p'a lá num sito ch'mado "Boa Esperança" - méme logo ô pé da Ingreja Matriz. Más é dum homem se desmanchar a rir, nã cudem!...

Revista carnavalesca do Boa Esperança 'Bicha a dar com um pau'
Ist' é a Claque dos Marafados qu' andam sempre atrás do Portimonense...

E nã é qu' a coisa calhô logo a gente ir no dia qu' eles se estreavam e nem se pagô b'lhete nem coisa nenhuma?!... Nã sê c'm' é qu' ela, a 'Zabel V'tóira, s' arrenjô, levava p'ra lá uns papeles que l'e tinham dado nã sê adonde - calhando, na Junta ó na Cambra ó coisa assim... - o que vi foi ela apresentar aquilo lá a uma meçalha que 'tava logo à antrada e ela mandar a gente passar...

Más ele hôve uma coisa que me fez espéce... Já lá se tinha ido, ôtro ano, ver aquilo e béque-me só lá incontrí foi famila assim c'm' ê cá e a minha Maria e nada de dôtores ó fosse lá o que fosse. Desta vez, fado dum ladrão!, aquilo era só Pres'dentes... E tudo munto ingravatado...

Ele era o Pres'dente da Cambra dum lado, o Pres'dente da Cambra dôtro, - o de cá de Monchique tamém lá 'tava, sa senhora... - os Pres'dentes desta e daquela Junta, Dôtores Advogados, Dôtores Juízes, ê sê cá!... Atã, até o Pres'dente da Rádio Fóia tamém lá o incontrí... vejam lá bem s' aquilo nã tem que se l'e diga...

'Tá bom de ver qu' esses pagaram bilhete e há-de ter sido bem caro... À uma, que têm posses, qu' ê sê que tem, e à ôtra que, cada vez qu' algum antrava, vinha logo uma impregada, toda munto bem vestida e com os bêços qu' até luziam d' incarnados, e levav' ôs, quái de braço dado, até ô lugar deles.

O pior é qu' ê cá, olhando bem p'r àquilo, f'quí assim um coisinho p' ô imbatucado. Levava o mê chapelinho do d'mingo, tirí-o logo da cabeça e p' ali o descondi no colo da minha Maria. O mê compad'e jôquim, esse, nem abria pio. Tive que l'e dar uma catovelada, bem dada, nas costelas p'a ele tirar o dele e intregá-lo à c'madre C'stóida.

Agora as m'lheres... 'tá bem dêxa... p'a elas é c'm' se nã fosse nada. 'Tarem ali ó 'tarem im casa pelando um cesto de batatas p' ô nosso jantar e p'a dar ôs animazes, era a méma coisa... Nã se calaram nem um 'stante!...

Revista carnavalesca do Boa Esperança 'Bicha a dar com um pau' - António Calvário
Quem m' havera de d'zer qu' o Antóino Calváiro 'tava lá im pessoa...

Mái dêxamos lá isso.

Lá q'ondo eles munto bem intenderam - e olhe que foi logo à hora... - apagaram as luzes e vá de começarem com as partes im cimba do palco. Ê cá ria p'a um lado que nem m' aguentava, o mê compad'e Jôquim do Barranco ria p'ra ôtro. As m'lheres, atão, descancaravam-se... Aquilo riam às carcachadas, batiam palmas... era um banzé que nã l'es dô incarecido!...

Nisto, desata a música a tocar, oiço um a cantar, digo p' ô mê compadre:

- Mái atão, béque-me conheço esta cara...

- O quem?... - O homem já nã ôve munto bem, e com aquele barulho, atão...

- Aquilo nã é o Antóino...

- É o Antóino Calváiro, sa senhora!... - Diz logo a minha Maria que tem a mania de nã me dêxar falar nada até ô fim.

- Ai, se faz tant' ô tempo qu' ê cá nã no ôvia cantar!... E, más e más, assim im pessoa... Que coisa tã bonita!...

- Mê belo Calvarinho! Era o qu' ê cá mái gostava d' ôvir naquela tel'fonia Pilips - uma ainda a pilhas - qu' o mê Jôquim comprô, uma vez, lá à do parente Vintura, qu' aquilo durô quái uma vida!...

- Nã s'alembram daquela vez qu' ele ganhô o festival da Erovisão?... A moda era tã bonita e, vejam lá, até se ch'mava "Oração". Mái que bem qu' ele inda canta!...

- Ó 'Zabelinha, cudo qu' ele nã ganhô essa coisa da Erovisão... Ele ganhô foi cá im Portugal e, despôs, foi, atão, à Erovisão.

- Se nã ganhô, bem qu' o mor'cia... Qu' a mái bonita era a dele!... As ôtras era tudo im estrangêro e ê nã intendia nada daquilo... E uma qu' ele tem, agora, qu' é a "Mocidade"?!... Ai que coisa mái bem caçada!... O estilo é bonito. Atã e a letra?!... É do melhor que possa ser e haver!...

E desata quái a cantar:

Revista carnavalesca do Boa Esperança 'Bicha a dar com um pau'
Nã vêem qu' até a Rádio Fóia lá 'tava a intrevistar um...

Mocidade, mocidade
Porque fugiste de mim?
Hoje vivo de sôidade
É triste perdermos a mocidade
E sentirmos qu' é o prencípo do fim

- Ó m'lher cale-se pr' aí!... Atã nã vê qu' o homem 'tá a cantar ôtra?!...

- Mái ê cá gosto tanto desta...

E p' ali s' ac'm'dô um pôcachinho. Mái, tant' ela c'm' às ôtras, 'tavam tã variadas da cabeça a olhar p' ô homem que, tanto se faz ê cá c'm' o mê compad'e Jôquim, já nã se 'tava más era a gostar munto das figuras qu' elas faziam...

Aquilo nã foi coisa que tardasse tempo quái nenhum, parêce uma no palco, com os cabelos munto amarelos, com aquela coisa qu' eles falam nas mãs e vá de falar p' ali no jogo da bola. Salta logo o mê compadre:

- Olhe lá, olhe lá, compad'e Refóias... Nã vê, nã vê?!... Veja lá s' isto nã é uma coisa emportante qu' até a Rádio Fóia 'tá ali...

- Rádio Fóia?!... Que jêto?!...

- Sa senhora!... Lêa lá além o que diz naquilo qu' aquela tem nas mãs... Rá-di-o Fó-i-a... Nã sê é s' aquilo é a senhora Fátima Peres ó a senhora Idalete Marques... Nã nas conheço de cara, só das ôvir na tel'fonia...

- No microfone?... D'zer Rádio Fóia, diz, mái nã vê qu' aquilo é de faz-de-conta?!... É eles a brincarem com Rádio Fóia, compadre!...

- Ai, home, quái que me dava ares a ser uma coisa de verdade... Mái, calhando, mecêa é capaz de 'tar com a r'zão. Agora que 'tá munto bem fêto, nã me diga que nã 'tá...

E a coisa lá foi andando.

Revista carnavalesca do Boa Esperança 'Bicha a dar com um pau'
Ô fim, até o Presidente da Cambra foi ch'mado ô palco...

Ô certo, ô certo é que, q'onto mái coisas eles apresentavam im riba do palco, mái a gente se fartava de rir. Se quer que l'e diga, chigô ali a uma certa altura qu' ê cá até já me doía a barriga. Se nã calha a terem fêto um entervalo, nã sê munto bem c'm' à coisa saria...

Mái c'mo hôve esse entervalo, ê cá e o mê compadre semp'e se fomos aliviar e já se aguantamos até ô fim sem problema. As m'lheres é que nã sê c'm' é qu' elas fazeram aquilo que levaram toda a nôte com o - com l'cença da palavra - trazêro na cadêra, sem s' alevantarem, e, p'r o jêto, nã l'e fez falta.

D'zer a verdade, eles tinham aquilo tudo tã bem estudado e d'ziam umas chalaças tã ingraçadas que mecêas nã calculam... Atã e as puas qu' eles infiavam p'ra este e pr' àquele?!... Quem nã queria se ver na pele dos Pres'dentes e dessa famila emportante sê ê munto bem quem era...

Ôviram muntas e das boas... Aquelas orelhas deles haveram de 'tar mái incarnadas qu' um p'mento quem-moso... Qu' os homens, tamém, já 'tão tã fêtos a ôvir tanta coisa que pôca d'f'rença ó nenhuma l' há-de fazer... Inda eles se riem... méme sem ter vontade...

Pôs atão, se querem um conselho, vã p'r mim qu' ê nã nos incaminho mal. Tirem um dia p'a paróida, comprem um b'lh'tinho lá no "Boa Esperança" e vã ver a revista "Bicha a dar com um pau" que nã vã dar o tempo p'r mal impregue e panham uma barrigada de rir até mái não.

Passem munto bem e advirtam-se à farta com a revista e com o intrudo. Ê cá e a minha Maria vamos más é dar uma volta a pé além p' àquelas bandas d' Odecêxe.

19 janeiro 2008

Uma manita ôs Três-Setes

Jogo dos três-setes Este jogo nã é lá grande espingarda... Más inda podia ser munto mái ruim...

Nã sê se vomecêas sabem, mái, cá im monchique, uma mortepórque p'a ser mortepórque tem que se fazer, p'r menes, uma manita ó duas de três-setes. Ê cá, com a idade que tenho, dig'-l'e já: até ô dia d' hoje, inda nunca fui a mortepórque nenhuma que nã se fazesse uma jogatana dessas...

Calhando, quem é de fora e calhe a ler isto há-de f'car um coisinho assim p' ô imbasbacado a ôvir falar im tal jogo, mái, tamém ê cá, q'ondo calho a ir lá p'ra baxo p' ô Algarve e m' ajuntar com alguns amigos que joguem à carta, fico espècado a olhar p' ô jôgo qu' eles jogam.

Chamam-l'e, béque-me, sueca e des que tem umas certas par'cenças com os três-setes. Más ê cá veje-os jogar e nã intendo nada daquilo... E, despôs, apontam tudo num papel com um láp's e coisa assim...

Ora a gente, aqui, nã se tem míngua cá de nada disso... Pega-se num punhado de milhos e puxa-se à medida dos pontos que se faz... Cada ponto, um bagulho. Nã há nada qu' inganar. Em chigando ôs q'ôrenta, ganha-se. Mês belos três-setes!...

Uma ocasião, 'tive numa mortepórque - nã vô-me aqui alomear os donos da casa - e ajuntaram-se lá uns belos amigos, todos bem danados p'a jogar à carta. Olhe, um era o mê parente Zé Caçapo, todos o conhêcem p'r Verruma; ôtro era o Tóino Luzicuco, que nã é da famila e nã sê c'm' é qu' ele foi lá dar; ôtro era o mê compadre Jôquim do Barranco, que pensa qu' é um jogador do melhor; e o ôtro era ê cá.

Jogo dos três-setes - Dêxa-me lá más é puxar os bagos, entes que me esqueça. Des qu' isto no apontar é que vai o ganho...

Despôs do serviço 'tar p'r lá bem incaminhado e já se ter desgotado um garrafanito d' aqueles piquenalhos, impalhados, que levam mái ó menes um litro d' aguardente - más olhem qu' ele hôve m'lheres que tamém boberam... - o mê compadre desafia a gente p' ôs três-setes.

- Atã e cartas? Ê inda nã vi aí nenhumas... - diz-l'e logo o t' Zé Caçapo.

- Nã seja essa a falta qu' ê tenho aqui umas na als'bêra...

- Atã vamos a isso!... S' o dono da casa dar l'cença, 'tá bom de ver...

- Atã nã há-de dar... Ele, calhando, tamém joga uma partidinha com a gente...

- Nã jogo nada qu' ê inda tenho ali os dôs presuntos p' àrredondar e ôtros serviçalhos p'a fazer... Joguem lá vomecêas qu' ê, mái logo, logo faço tamém uma manita...

- Atã e nã quer ajuda?

- Nã senhora... Ist' é coisas que ê gosto de fazer cá à minha manêra e, atão, dêxem-se 'tar pr' aí intretidos qu' ê cá desinrrasco-me sòzinho. Ó Maria, traz lá aí mái uma aguardentinha e uns piquinhos e umas f'lhòzinhas p' ôs homens irem acompanhando com o jogo...

Ora, foi o qu' a gente quis ôvir. Aquilo foi um foguete inq'onto nã s' ac'modamos ali a um canto, fêtinhos p'a batê-las c'm' manda a lê. O pior foi o parente Verruma que imbicô qu' havera de ser parcêro do Tóino Luzicuco, que, há quem diga, que joga munto bem ôs três-setes, más ôtros cudam qu' ele faz é bem munta trafulha...

Jogo dos três-setes - Ai que bela vaza, parcêro!... Dôs bagos e uma figura...

- Atão, s' ele é isso, vamos más é a rêses... Assim, já ninguém pode clamar... - salta o mê compad' Jôquim do Barranco.

- Tamém acho... - disse ê cá. - Qu' isto, é c'm' o ôtro que diz, em elas vindo tôd's sabem jogar bem, agora sem elas na mão, ninguèm dá ganhado...

E lá se foi a rêses. Mái, com tanta sorte ó tã pôca, os dôs saíram logo ô Verruma e ô Luzicuco, tal e qual c'mo eles munto bem qu'riam. 'Tá bem que quem dé as cartas foi o Luzicuco e ê sê cá s' ele nã fez, logo ali, trafulha?... Mái, 'tá bem... Ê, tamém, 'té gosto de jogar com o mê compadre que já l'e conheço as manhas... E desata-se a jogar.

- Ó compad' Refóias, nã posso jogar... Atã, quái que nã tenho uma carta d' apultana...

- 'Teja calado, home... Atã, assim, eles ficam logo sabendo que mecêa nã tem nada, jogam à vontade...

- Ôlhe qu' é melhor intregar o jogo p'r dez qu' eles acusarem e darem logo um capote à gente d' intrada...

- Atã dêam ó não... Ê cá nã gosto de m' ir abaxo. Jogue lá que logo se vê...

Punhana!... Nã foi mái nem menes. Os marafados acusaram sês - duas apultanas - e largaram um capote na gente qu' até foi lendo... S' ê cá tenho ido na conversa do mê compadre, só faziam dez, assim, fazeram dezassete. Mái atão... ê tinha p' ali um terno e um duque nunca pensí de nã dar fêto, p'r menes, uma vaza ó duas...

Más olhem que, naquela partida, as cartas béque-me 'tavam imbruxadas... Os homens chigaram ôs cu'renta sem a gente passar duns cinco ó sês, vejam lá. E capotes foram dôs. Um p'ra cada um...

E, com uma coisa assim, quem é qu' os dava aturado, senhor?!... D'zia o Verruma:

Jogo dos três-setes No jogo da carta, d' ora im q'onto, dá semp'e jêto meter qualquer coisinha na boca...

- Parente Refóias, frio já vomecêa nã panha nenhum, este enverno... E, qu'rendo, inda se l' arranja p' aí mái algum p'a mecêa dar à su Maria...

- Veja lá nã seja más é vomecêa a ter que vestir um, agora logo a seguir... Olhe qu' ê cá nã gosto de bons começos... Vamos más é batê-las mái um pôcachinho e pôca conversa.

E lá se foi jogando. Mái as estaporadas das cartas béque-me nã qu'riam nada com-migo nem com o mê parcêro... Enqu'libraram um coisinho, mái nã se l'e dava alevantado uma partida. Só despôs d' eles terem impurrado mái nã q'ontas partidas e dôs ó três capotes é que lá calhô a vir um joguinho à gente que se d'zesse benza-te Dés.

O mê parcêro acusa três ternos, ê cáacuso nada, mái tinha dôs ases p'a l'e dar e dôs duques bem gôrdados, pensí:

- Com jêtinho, s' o mê parcêro saber jogar, é desta qu' a gente l'e faz a parte...

E toca a jogar.

Más o parente Verruma que pôco mái tinha qu' um ás, e só com uma guarda, q'ondo o mê parcêro joga o terno, ele joga a guarda e fica com o ás descalço. A seguir, o mê parcêro vem p'ra mim, ê jogue-l'e o duque, o mê parente nã 'tá com mêas medidas, faz uma ronciadela... Im vez de jogar o ás p'a debaxo do mê duque, joga uma pele dôtro naipo.

Pensí:

- Mái atão adonde é que 'tá o ás, senhor?!...

E fui exp'r'mentá-lo ôtra vez. Aí, o badalo já o sôbe jogar... cudando qu' ê cá nã dava por ela. Más o mê parcêro tamém viu munto bem o que se passô, salta, logo, p'ra ele:

- Eh!... Vomecêa, inda agora, nã jogô oiros!... Fez uma ronciada!... Jogo abaxo!...

- Joguí, sa senhora!... Qu' ê sê munto bem que joguí...

- Nã jogô nada!... Ronciô. Atã veja lá aí na últ'ma vaza... Most'e lá aí...

Café de Morteporque - Õi!... Munto bem que me calha uma t'jalinha de café, agora...

- Atã veja... Ê sê que joguí oiros...

- Aqui 'tá! Mecêa jogô este pau!... O duque era do mê parcêro, ê joguí este ás e o sê parcêro jogô uma copa... Ponha lá aqui o azinho d' oiros, vá... Isto se nã quer qu' o jogo vá abaxo e perde logo a partida... qu' a gente joga a nove.

- Õi, que bela vaza, parcêro!... Dôs bagos e uma figura... - Dig'-l' ê cá.

- E ê que me par'cia que tinha jogado oiros, home... - Ramordia o Verruma.

- Ah, par'cia-l'e?!... Mái nã jogô. O que mecêa queria sê ê cá munto bem. Era livrar o capote... Mái nã no livra, nã senhora!... Ora ponha lá aí o resto das cartinhas...

- Capote!... - Diz logo o mê parcêrinho, mái contente que nem uma pega sem rabo.

- Este é p'ra si, parente Zé... É im troca do que me dé inda agora... Já pode ir de nôte p'ra casa que, com um subretudo destes, nã panha frio nenhum!... E vá lá mái uma rodadinha, às tenças.

Nisto, vinham as m'lheres com uma escolatêra chêazinha de café de mortepórque que dêtava um chêrinho qu' até corria água da boca.

- Munto bem me calhô!... Uma t'jalinha de café e um calcesinho dela... Sim, qu' isto o café sem tempero nã tinha graça nenhuma... Nã é verdade, c'pad' Refóias?...

- Isso sabe-se... Era munto preferívem um copadinha dela sem café do qu' ô café sem um calcesinho dessa boa que há aí na casa...

E lá se b'bé o café e mái um caláiço de madronho cada um que foi um consolo. Com respêto ôs três-setes, aquilo durô até à hora do fresneco, ora levavam uns o capote ora ôtres, e, à medida qu' a aguardente ia abaxando no garrafanito, o cagaçal era cada vez maior. C'm' sempre, em elas vindo, ganha-se, em elas nã vindo, perde-se.

Atã, em tendem ocasião, vã a uma mortepórque e exp'r'mentem a fazer o mémo qu' à gente, que logo vêm se nã s' ad'vertem até mái não.

Até um dia destes.

11 janeiro 2008

Im Monchique, inda se canta os Rês...

Jolda cantando os Reis
Em
chigando a casa de qualquer um, a jolda pede l'cença p'a cantar.

Inda agora aqui ch'guí
Já l'es vô a prècurar
'Tã bonzinhos de saúde,
Dã l'cença d' ê cantar?

É mái ó menes desta manêra qu' as joldas de Rês e de Janêras usam a cantar, em chigando à porta de qualquer um, qu' é p'ra ver s' a famila l'es dêxa fazer o resto da cantoria.

Nôtres tempos, tamém usavam a bater à porta e d'zer assim:

- É famila!... Canta-se ó reza-se?...

E esperavam um pôcachinho a ver se, de lá de drento, l' acudiam e l'e davam orde p'a desatarem a cantar o resto dos versos, qu' eles gôrdavam dum ano pr' ô ôtro e os que, muntas vezes, faziam d' aprepósito p'a certas casas.

Que, lá de q'ondo im vez, tamém se dava o caso da famila da casa nã l'e dar ancas... Uns que tinham alguém doente, ôtres que l'e tinha morrido alguma pessoa de famila... E ôtres que d'ziam que l' aborrecia de serem acordados. Mái, quái sempre, esses já 'tavam munto vistos e tôd's se sabia munto bem qu' o qu' eles l' aborrecia era a dar a esmola...

Pôs, mês belos amigos, na nôte de Rês deste ano, 'tava-se a gente, ê cá mái-la minha Maria e uns q'ontos amigos - dos bons!... -, num certo sito, a retraçar uns pedaços de pórco e c'mer neles - já ele era bem de nôte - desata-se a ôvir cantar os versos, qu' ê cá pus ali ô prencip'o, do lado de fora da porta.

Pusemos-se tôd's à escuta, era uma jolda de cantadores de Rês.

Jolda cantando os Reis
Calhando a 'tar a chover ó que faça munto frio, há quem os mande entrar...

Tã penas eles acabaram de pedir l'cença, o dono da casa, p'a nã s' inganar, dé logo ordem que podiam cantar à vontade. E, c'm' ô tempo 'tava assim p' ô fresco e, inda p'r cima, nuvrinhava um coisinho - era uma penujazalha que nem se dava p'r ela, mái, ô fim dum certo tempo, já se sabe que semp'e molha... - mandô-os antrar p'ra casa. Ora, aquilo foi o bom e o bonito...

E, más a más, qu' eles eram tôd's mecinhos nôvos, qu' é um caso p' à gente inda levar maior repáiro, qu' é p'ra ver s' eles se vã semp'e alembrando destes c'stumes antigos e nã dêxam des'pâr'cer estas coisas que se faziam munto e agora já se fazem pôco ó nada.

Mái olhem qu' aquilo até que foi uma coisa méme bem caçada... Era uns mecinhos e umas mecinhas inda nôvos - à vista da gente, qu' era quái tudo velho c'm' ê cá, 'tá bom de ver... -, mái cantavam do melhor.

Quás sã os três cavalêros
Que fazem sombra no mar
Sã os três do oriente
Qu' a Jesus vã v'sitar

E, ô méme tempo, tocavam... Olhem qu' eles traziam um fole, uma guitarra e uns ferrinhos... Aquilo pôco f'cava atrás da banda que vem tocar cá a Monchique, q'ondo calha. E 'tava tudo tã bem afinadinho qu' até dava gosto...

Só l'es sê d'zer qu' a famila qu' ali 'tava pôs-se tudo imbasbacado com os olhos cravados na jolda que nem s' ovia mái coisíss'ma nenhuma. As m'lheres que 'tavam a picar carne, com mintira e tudo, até dêxaram cair as facas p'a drento do alguidar... E foi melhor assim ó, atão, inda s' hab'litavam a cortar p'a lá a ponta d' algum dedo...

'Té uns que 'tavam a jogar ôs três-setes ali na ponta duma mesa - calem-se aí!... - apararam o jogo a mêo, puseram p' ali as cartas de qualquer manêra e tamém nã viam mái nada qu' os janêrêros... Ê nã havera de d'zer isto, mái ele hôve um, mái sabido, - qu' ê cá nã digo quem foi - que fez a parte ôs ôtres.

Jolda de Cantadores de Reis recebendo a 'esmola'
Im certos sitos, afituram-se a arreceber umas boas esmolas...

Inq'onto eles 'tavam tôdes emprensados a ôvir o cantorío, assim c'm' quem nã quer a coisa, foi-se chigando, munto devagarinho, p' ô lado do parcêro contráiro e vá d' ingrilar p' às cartas qu' ele tinha na mão, todas destapadas. Vi-l' o jogo todo...

Ora, q'ondo voltaram ô jogo, fez-l'e uma espera, papô-l'e os dôs ases qu' ele tinha. Inda os 'tô a ver... Um era a espadilha e o ôtro era o bastos. Só ali foram logo dôs milhos... E, p'r o jêto dele, nã sê munto bem se tamém nã l'es fez a parte ôs bagos de milho qu' eles tinham a marcar os pontos im cimba da menza...

Olhe qu' eles béque-me já iam nos vinte sete ó vinte e oito e, despôs, só já se viram com vinte três... Dôs bagos da banda de cá da faquinha e três da banda de lá. Nã posso afiançar, mái ó ê cá m' ingano munto ó, atão, hôve ali coisa...

Mái, nesse mê tempo, já a jolda tinha cantado tudo e 'tava a arreceber a esmola. E olhe que, naquela casa, nã f'caram nada mal... Vejam aí no retrato e logo sabem. Até uma garrafinha de madronho l'es calhô... Mái mor'ceram, lá isso, mor'ceram.

E puseram-se a agradecer...

Quem tã boa esmola deu
Dés l'e pague, obrigadinho
Dés quêra que vá p' ô céu
Ô colo de Dés Menino

E nã se f'caram p'r 'qui, que, logo a seguir, era a despedida. F'cava mal eles abalarem, assim sem mái nem menes, e nã cantarem mái um verso ó dôs. E, atão, foi assim:

Fiquem-se com Dés, senhores
Qu' ê com Dés me vô tamém
Dés l'e dê munta saúde
Até pr' ô ano que vem

E assim abalaram p'r aquelas sobrêras adiante, no mê do escuro, qu' im menes de nada despar'ceram. Nem a luz do focse qu' um levavam pindurado na presilha das calças a gente dava lombrigado. Só o que s' ôvia era as vozes deles charolando uns com os ôtres.

E ê cá tamém vô-me andando a ver s', esta tarde, inda panho p' ali umas três ó quatro cagumelas p' à minha Maria fazer com uns piquinhos de pórco p' à cêa. Ele já nã deve haver grande coisa, más ê sê dum certo sito ali ô pé dumas acáiças... até pode ser que 'teja p'a lá alguma.

E, dando-se o caso de quererem ver mái alguns retratos da jolda, acalquem aqui na Galeria dos Reis.

Atã que Dés l'es dê tamém munta saúde.

03 janeiro 2008

As Interpelações de Américo Telo

 'Interpelações, escritos do meu sentir', de Américo Telo
Isto é a capa, dum lado e dôtro, do livro das Interpelaçõs.

não tenho nome
não tenho idade
não tenho lei
da minha existência apenas sei
que ser feliz
basta somente

... ... ...

quero um lugar
onde possa nascer todos os dias
tal como se morre
em cada desencontro de nós

Estes versos 'tã na parte de trás do livro do senhor dôtor Américo Telo e, c'm' ê cá gostí deles, puse-os aqui - só uns q'ontos, que falta o resto... - p'ra mecêas fazerem assim uma idéa do qu' aquilo possa ser.

E nã vejo melhor manêra de começar este ano falando cá de Monchique que nã seja esta de l'es d'zer que já se tem cá mái um amigo a fazer versos. E c'm' sã eles... qu' até foram parar a um livro e tudo...

E no mê disto tudo, inda tive cá uma sorte que vomecêas nã calculam. No dia qu' o livro foi amostrado a quem lá quis ir à Comparativa - aquilo que, nôtres tempos, se l'e ch'mava o Grém'o - p'a se ver e p'a, quem qu'sesse, comprá-lo, tive p' aí um governo que nã me dí safado de manêra nenhuma e, atão, nã fui. Ora, f'quí a ver navios... Nem o vi, nem o comprí.

Mái, com tanta sorte a minha, nã tardô quái dias nenhuns, incontro-me com o senhor dôtor Telo aí num certo sito. Inda mal ê nã l'e tinha falado e pedido que nã f'casse sintido com-migo pre mode de nã ter lá par'cido na tal apresentação, já ele 'tava jogado a um livro a escrevinhar uma dedicatóira cá p' ô Parente. E assim mo pôs na mão...

Com uma coisa tã de rompante, até f'quí quái insampado com aquilo... É que nã é qualquer um que l'e dã assim uma importãinça destas... Logo, inda cudí qu' o homem nã tinha nada im vir já com uma bagadinha na asa, mái ele béque-me nã usa a bober... (Nã s' inzaine com-migo lá premode isso, senhor dôtor Telo, veja lá... Aquilo foi só uma coisa que me vêo à cabeça...).

E que bem que me calhô!... É que nã foi só ter apôpado uma manchinha d' eros, foi tamém que, logo nessa méma nôte, hôve quem me d'zesse qu' os que 'tavam à venda já tinham despar'cido tôd's. E era verdade, qu' isso até já saí no Jornal de Monchique e tudo.

Pôs, só l'e tenho munto a agradecer ô senhor dôtor Américo e dar-l'e tamém um gabanço ôs versos dele que sã uma especialidade...

E dig'-l'e más, nã nos li logo tôd's d' infiada, qu' o mê compadre Jôquim do Barranco, 'tava ê cá, uma tarde destas, munto bem afincado já na tercêra ó, vá lá, na quarta lauda, chega ô pé de mim e fez-me a parte.

- Haja saúde, compad'e Refóias... Atã que livro é esse que tem aí nas mãs? Nã me diga que desta vez comprô um almanaque im vez da folhinha e 'tá a ler as nedotas deles...

- Qual almanaque, qual o quem... Isto é um livro de versos, fêto inda há bem pôco tempo, cá p'r um homem aqui da nossa Terra... Veja lá s' o conhêce...

E amostrí-le o retrato que vem na capa de trás.

 Américo Telo, lendo um poema do seu livro 'Interpelações'
O senhor dôtor Américo Telo recitando os sês versos dele...

- Ora se conheço... Q'ondo ê tinha p'a lá três destõs a render na Caxa e ia alevantar o jurinho qu' eles davam de sês im sês meses, bem no via lá, quái sempre... E tamém des qu' é um dos que manda lá na Rádio Fóia...'Té tem um irmão que faz aqueles bonecos de barro, ali na Casa da Noguêra...

- É esse mémo. Pôs olhe, aqui no livro até 'tão dôs ó três retratos desses bonecos do irmão... E olhe que um a fazer bonecos de barro e ôtro a fazer versos, nã sê qual é o que tira a palhinha ô ôtro... Têm uma queda p' ô que fazem, que só visto...

- Atão, já qu' ele é isso, mecêa havera de m' imprestar aí o livrinho p'a ê cá ler, que já sabe qu' ê gosto munto duns versos bem fêtos. Trazia-l'o logo amanhã...

- Mái s' ê inda mal o comecí a ler...

- Logo lê o resto, mê belo amigo... Já sabe, ê cá pelo-me p'r ler versos...

Inda 'tive quái p'a l'e d'zer que, em ê o lendo todo, logo l'o imprestava, mái c'm' o homem gosta munto daquilo e ê, tamém, já me 'tava a correr água dos olhos de tanto ler...

- Olhe, leve-o lá... Mái, amanhã, quero-o aqui, nã se esqueça.

O homem assim se despediu e abalô que nem uma fita. E, d'zer a verdade, no dia a seguir, nã faltô. Trazi-ô até munto bem imbrulhadinho num pedaço de papel de jornal p'a nã se labuçar.

- É Compad'e Jôquim, nã me diga que já lé isso tudo, assim tã depressa?!... Ê tinha-l'e dito p' ô trazer hoje, mái tamém nã era assim uma sangria desatada...

- Eh'q, p'a ser franco, ler todo nã li...

- Ó home, atã, leve isso ôtra vez e lêa logo tudo... Tem algum jêto f'car, agora, assim com o serviço im mê fazer?!...

- Nã é isso compad'e Refóias... É qu' ê cá pus-me a ler, a ler, e 'tava a gostar mái ó menes, mái chiguí a um certo ponto nã intendia nada daquilo. Era umas palavras qu' ê inda nunca tinha visto...

- Tamém, com o tempo qu' a gente andô os dôs na escola paga, nã é preciso eles p' aí s' adiantarem munto na escrita p'a um homem nã intender nada daquilo...

- Inda tamém nã é bem isso... É qu' aquilo era umas palavras qu' ê nem tampôco as dava soletrado... Era inglês!... Foi o mê Zé Manel qu', à nôte q'ondo chigô, é que me disse...

- Essa é qu' ê cá nã sabia!... Atã tem versos im português e tamém im estrangêro?!...

- Tal e qual!...

- O homem tem que saber munto... S' ele, im português, já nã é qualquer um qu' os faz, q'onto mái im estrangêro...

- E hã-de 'tar lá das boas... Qu' o mê Zé Manel lé aquilo alto, ê cá f'quí na méma, nã percebi coisíssema nenhuma, más ele inché bem o papinho de rir... Nestas ocasiõs é qu' era um homem tamém saber falar inglês...

- Atã e a gente nã se l'e podia pedir p'ô sê Zé Manel passar aquilo p'a português de manêra qu' a gente intendesse?...

- Isso l'e pedi ê cá, logo ontem à nôte... más ele des qu' os versos, passando duma língua p'à ôtra, que nã têm graça ...

- Olha que essa!...

Américo Telo, poeta monchiqueiro
É qu' o homem, vê-se logo, tem méme estilo de quem faz versos. Vejam lá se nã tem...

- Mái nã s' apequente, que, despôs desses em inglês, inda 'tã ôtres ôtra vez im português. Agora tenha munto cudadinho, nã nos lêa de rijo im frente da c'mad' Maria, qu' ê cá, ontem, fiz isso ô pé da minha C'stóida e vi-me im traquetes...

- Atã que jêto? Faltô-l'e o fôl'go ó quem?...

- É qu' aquilo, d' ora im q'onto, mete lá umas bojardas qu' alto lá com elas... P'ra mim nã me faz d'frença qu' até gosto, agora a minha C'stóida...

- Eh'q, isso, as m'lheres fazem-se munto finas, mái, parte das vezes, tamém gostam é da brincadêra...

- Más olhe que, desta vez, vi-me inrascado... Ia a ler aquilo tudo de carrêrinha, q'ondo dô p'r mim, 'tava quái a d'zer um nome fêo... só tive tempo de fazer que m' ingasguí e vá de tossir méme sem vontade n'nhuma...

- Ai o qu' ê cá nã dava p'a ter visto uma parte dessas... O mê compad'e jôquim todo ingasgado... Munto m' havera de rir... Atã e despôs, c'm' é descalçô essa bota? A C'madre C'stóida nã quis ôvir o resto que faltava?

- Ora nã quis... Assim que viu qu' ê cá me 'tava a furtar de ler o resto, pertô logo com-migo...

- Atã, nã se safô de semp'e ter de l'e ler o tal nome...

- Ai nã, que nã me safí... Arrenjí logo ôtro p'a pôr lá im lugar daquele...

- E casava lá bem?

- Ora casava... Nem ela dé p'r nada... Era, mái ó menes, assim:

Que se charingue!
os versos a seguir seja cão se nã nos rasgar
vô-me quem-má-los
p'a nunca mái narcerem:

Pôsseras!, - (aqui era o tal nome qu' ê nã li à minha C'stóida...)
agora é que f'quí a saber
que nunca mái dô escrevido
coisíssema nenhuma de versos!

- Punhana!..., que mecêa até meté isso tudo na cabeça!...

- Isto é uma coisa assim, mái ó menes, p'r alto... Se mecêa querer saber bem c'm' é qu' os versos são ô certo, vá aí ô fim do livro qu' eles lá 'tão. E, dig'-l'e já, cá p'ra mim, nã é p'r nada, mái foi os qu' ê mái gostí.

- É logo os pr'mêros qu' ê cá vô-me ler, tã penas tenha jêto...

E vô-me f'car p'r 'qui, que fartos de tanta conversa já mecêas 'tão.

Senhor dôtor Telo, nã l'e parêça mal das minhas parvoêras e só l'e digo que gostí munto dos sês versos. Mecêa havia era de mandar fazer mái uma manchinha de livros p'a vender àqueles que nã panharam nenhum. Nã achava bem?

E vomecêas, mês belos amigos, tenham um ano de 2008 do melhor que possa ser e haver e fiquem-se com Dés até a gente se ver.