27 fevereiro 2009

O Bicho do P'nhêro (processionária, l'e chamam)

Processionária ou lagarta do pinheiro
O bicho do p'nhêro faz estes grandes linhos de têa e folhiço...

- Ele há quem diga qu' o bicho do p'nhêro, em a gente l'e tocando, faz uma bretoeja que mete medo. Ê cá, atão, posso-l'e até pegar com as mãs qu' ele nã me faz mal denhum...

- 'Tá-se méme a ver... Acradito tanto nisso c'm' nada. Tu nã conhêces é o qu' é um bicho do p'nhêro. Essa é qu' é essa...

- Olá!... Inda, uma ocasião, ia ê cá caminho do Barranco do Preto, passí p'r baxo dum p'nhêro manso que lá 'tava, sinto uma coisa me cair im cimba do mê casquêro, jogo a mão, era um... E nã era menes qu' um bicho-barril daqueles das borras, nã cude... E nã f'quí com bretoeja im banda denhuma...

- Cudas qu' ê 'tô a dromir ó quem!... 'Tá lá algum p'nhêro manso no Barranco do Preto?!... Há lá é castanhêros à fartazana. Agora p'nhêros...

Isto era o Adelino da Desmoitada, semp'e munto cão, a querer béque-me quái antrar com o ti Luís Agúida que vinha no mata-velhos dele e aparô ali ô pé da gente.

Processionária ou lagarta do pinheiro
Lá bonitos sã eles, mái atão e a bretoeja que fazem...

E, c'm' ê cá 'tava a d'zer p'ra ele e p' ô v'zinho Mané Mansinho, qu' inda ontontem tinha ido àlém àqueles p'nhêros daquele lado ver se panhava um costal de folhiço p'a pôr na cama do mê pórco e tive que me vir imbora qu' havia bichos daqueles p'r todô lado, o marafado aprevêtô logo p'a meter a púa no ti Luís.

Más, é verdade. Fui àlém, sa senhora boa vida, de costalinho às costas e o insino ô ombro, chego lá, joguí o costal p' ô chão - aquilo nã é um costal, é quái uma gorpelha, qu' ele é grande, más ê cá, tamém, nã no encho munto p'a nã dar cabo da espinha... - pego no insino e jogo-me a ajuntar folhiço.

Vô-me a um sito que fazia assim um altinho e, à roda béque-me um covato, cudando qu' era uma bela manchinha de folhiço, meto o insino bem ô fundo, puxo, punhana!..., desato a ver bichos de p'nhêro de raboleta masturados com o folhiço, até se m' alevantaram os cabelos do pêto...

Digo p'ra mim:

- Mái atão, nã posso levar isto, senão o pórco inda panha p' àlém alguma bretoeja e pode-l'e fazer mal... E ê cá, nã se fala. Se ponho isto im cimba da lombêra, até impôlas ê cá crio nas orelhas...

De manêras que dêxí aquilo e fui lá mái p' à banda de lá. Mái qual o quem?!... Pus-me a devassar bem os p'nhêros, aquilo era só b'charia p'r tod' ô lado. Os estapôres béque-me tinham combinado uns com os ôtres. Andava-se tudo a mexer...

Processionária ou lagarta do pinheiro
D'zer a verdade, uns sã mái às cores do que ôtres...

Uns já 'tavam interrados, ôtres vinham a caminho e os que nã tinham inda abalado dos linhos já 'tavam da banda de fora prontos p'a virem cá p'ra baxo p'ô chão.

- Barimba-te, más é nisto e vai-te imbora entes que sejas más é tu a panhar a bretoeja im vez do pórco... - Pensí ê cá.

E nã tive precisão de mái nada. Abalí, nesse 'stante, caminho do monte...

Mái c'm' tinha míngua de cama p' ô pórco, fui ali p'r trás de casa, panhí umas moitas e mêa-dúiza de jastras daquelas mái pequenas e joguí-as p' ô curral. E, agora, inqonto os bichos do p'nhêro nã se fazerem em brab'leta, nã parêço p' àquelas bandas...

Mái, voltando à conversa do Adelino e do ti Luís, d'zia o ti Luís:

- Ai do tamanho dum bicho-barril das borras, dizes tu... Atã alguns sã mái grossos qu' aqui o mê dedo grande... Tu nã 'tarás atribuído com isso e...

- Qual atribuído, nem qual atribuído!... Foi tal e qual assim!... O bicho tinha uns cabelos quái da comprimenta dos dum estrangêro que passô aqui, um dia destes, qu' até fazia rabo de cavalo...

- Vê lá se não foi algum sapêro que 't'vesse lá apoisado no bico da árv'e e te fez o presente p'ra cimba do casquêro... Ó alguma galinha choca...

Salta o ti Alvino das Martunhêras, que tamém 'tava ali com a gente, assantado no pial:

Processionária ou lagarta do pinheiro
Pôem-se a andar atrás uns dos ôtres e passam tôdes p'r o mémo caminho do da frente...

- Se fosse méme um bicho do p'nhêro, era d' adregue nã f'cares com bretoeja. Aquilo é certo e sabido que s' uma pessoa l'e toca fica logo inrascado... Olha, um canito qu' ê tinha - mê belo b'chinho... ch'mava-se Dique - uma ocasião pôs-se...

- Isso foi o sê cão... Agora ê cá, nã há bicho que me faça mal...

- Mái dêxa-me lá contar...

- Conte, conte... Mái nã se ponha com mintiredo...

- Qual mintiredo... Isto é a pura da verdade.

- Ah, assim, 'tá bem...

- O mê Dique - mê belo canito que dava p' à caça e tudo... - uma ocasião, vêje-o a esgravatar lá ô pé dum p'nhêro brabo qu' ê tenho lá p'r baxo de casa, mái nã liguí. Cudí qu' aquilo fosse alguma coisa qu' ele t'vesse p'a lá interrado ó...

- Ó algum rato-tòpêro que p'a lá andasse... - diz o Adelino a fazer de conta que 'tava munto emprensado no caso.

- Pôs, isso mémo. Algum rato-tòpêro. Tamém podia ser...

- Ó toca de lagarto... Ó de bicha...

- Olha lá, nã gozes... Podia ser munto mái coisas, más de verdade, de verdade, era esses tás bichos do p'nhêro.

- Atã o sê Dique c'mé uns q'ontos, não?...

Processionária ou lagarta do pinheiro
Em encontrandem um sito que gostem, inrolam-se tôdes uns nos ôtres e tapam-se...

- Nã sejas parvo... O pobrezinho do bicho esgravatô, esgravatô... e mái que punha lá o focinho a chêrar, e ê cá sem ligar.

- Atã e mecêa nã enxutô o canito?!...

- Ê cá nã sabia que 'tavam lá os escamungados dos bichos, home...

- Atã e despôs?...

- Ora e despôs... Mái logo, parêce-me ele já com o focinho todo inchado, béque-me assim a afègar, todo insovacado...

- E nã l'e fez nenhuma mèzinha?

- Tive cá algum tempo p'ra isso?!... Aquilo nã tardô dôs minutos já o pobrezinho 'tava espatarrado no mê da rua!...

- Esticô o pernil?!...

- Sa senhora... Morré ali méme na minha frente!... Mê belo canito...

- Olha que essa!...

Mês belos amigos, isto foi verdade, qu' ê cá sê que foi. O ti Alvino já, uma vez, me tinha contado esta parte. E, nã sê foi premode isso, d' ora im q'onto, fala naquele canito, o Dique.

Pôs, olhem, isto dé-se com o Dique, mái a gente tôdes tamém se tem que ter munta conta qu' aqueles bichos sã danados e qualquer um l'e pode ter pôca sorte com eles. E atã ê cá que nem tã pôco um mosquito me pode picar que fico logo com uma zalação que nã àguento...

Inda l'es podia contar mái partes dos bichos do p'nhêro, mái fica p'a ôtra ocasião. Agora se quererem ver estes e ôtros tantos retratos desses bichos, acalquem aqui na Galeria dos Bichos do p'nhêro.

E Dés l'e dê saúde a tôdes.

16 fevereiro 2009

Uns penedros munto bem caçados...

Rochas da Malhada Velha - Loulé
Olhando bem, nã se vê logo qu' é um macaco...

Ná sê se vomecêas já deram p'r isso, más ê cá, d' ora inq'onto, vô-me dar aí uns passêos com aqueles môces da Almargem. E, nos entervalos, tamém uso a ir aí p'r esses cerros e barrancos com umas moças qu' ê cá conheço e que gostam d' andar metidas aí ô mato.

Pôs, um destes dias, eles mandaram recado aí p'ra internet, des qu' iam ver umas pedras mê estrambólicas qu' havia lá na Malhada Velha. Mái nã é esta aqui de Marmelete... É uma Malhada Velha que há além p' às bandas de Loulé - aquele sito adonde se vai à festa da Mãe S'b'rana.

'Tá bom de ver que, em tendo via, ê cá 'tô semp'e fêto p'a coisas dessas, más aquilo a coisa nã corré munto bem e chigô-se ô fim do tempo e a gente nã dé o nome. P'a melhor ser, à últ'ma da hora, lá par'cé a tal dita via e um homem fica sem saber o que fazer...

Abalar sem ter dado o nome era, béque-me, assim uma arção um coisinho p' ô fêo, mái, tamém, f'car im terra, com uma via ali às ordes, nã me calhava nada bem...

Digo p' à minha c'madre C'stóida, que 'tava im pulgas p'r que nã abalava:

Rochas da Malhada Velha - Loulé
Aqui, cada um d'zia a sua. Cobra, lagarto, cágado e, béque-me, dinossáiro..

- Nã sê o que faça c'madre... Tenho béque-me vergonha de par'cer lá assim sem mái nem quem, mái tamém me dá custo de nã ir, com uma via tã boa aqui à porta...

- Vamos, sa senhora, compadre. Que jête nã s' ir?!... Eles nã se l' hã-de par'cer mal, nã senhora. Atã uns môces tã porrêros...

- Cá p'r mim nã vô-me a banda nenhuma!... Nã gosto de fazer figuras... T'vessem dado o nome a tempo e horas... Quem é qu' as mandô fazer as coisas assim?... - Salta logo o compad' Jôquim, todo munto senhoril.

Vem a minha Maria im favor da c'madre:

- Ai nã se vai!... Era o que faltava!... Isso de nã dar o nome nã tem emportâinça nenhuma. Eles querem é q'ontos más melhor... Vamos e pronto!...

Ô certo, ô certo, é qu' elas foram, foram e lá convenceram o compad' Jôquim e, im menes dum foguete, já a gente lá ia tôdes a caminho.

E uma coisa ê l'es vô já d'zer: mor'ceu bem a pena. Nem que me matassem, me passava p'r a cabeça, d' ir dar lá com uma coisa daquelas... P'a quem 'tá ac'stumado a ver só aqui a Pedra da Zorra ó o Penedo do Buraco ó ôtras assim, aquelas têm que se l'e diga.

É uns padragulhos, uma coisa temente... Grandes e cada qual com o sê fêtio. Uns parêcem bichos, ôtres até quái que fazem alembrar famila e ôtres nem sê o qu' é que parêcem... Sê cá se nã sarão medos?...

Logo o pr'mêro, uns des que tinha jêto de ser a cabeça dum lagarto, ôtres que saria duma cobra, ôtres dum cágado e uma dôtora que p'a lá 'tava qu'ria, p'r força, qu' aquilo fosse um dinossáiro... E, calhando, saria... P'ra alguma coisa ela estudô...

Rochas da Malhada Velha - Loulé
Cá p'ra mim, iste nã passa sem ser um velho insombrado...

Más isto era só o pr'mêro... Despôs deste, inda demos com uma preçanada deles. Um, cá p'ra mim, nã tinha nada que ver... Era um macaco... O mê compadre inda se pôs a acossar a cabeça e béque-me e a desconfiar, q'ondo ê cá l'e disse isso. Más aquilo era um macaco, nã me venham com coisas... Um macaco daqueles gorilas...

O ôtro, quái de certeza, nã afianço, mái aquilo era um velho insombrado qu' andava a penar, pagando o que fez cá neste mundo... Um medo... Uma coisa assim... Más a minha c'madre C'stóida des qu' aquilo l'e fazia alembrar era um anão dos da Branca de Neve. Beh!... Pode ser que seja, mái nã l' acho munto jêto...

Foi-se andando p'r aqueles matos, era só baloisos e mái baloisos, qu' ê cá nã nos dô amostrado todos aqui... Olhe, um, lá mái adiante, tôdes d'ziam que era aquele passarão qu' o Benfica usa a pôr a avoar lá no campo da bola. Uma àiga. Mái 'tava lá uma moça que vêo do Porto e dá escola ali p'a Faro, disse logo:

- Uma áiga?!... Vá lá que seja um sapêro... ó um bufo... Os lampiõs têm p'a lá um bicho desses mái aquilo nã passa sem ser uma coisa comandada a pilhas. Nã é áiga denhuma, nã cudem...

Más ê cá digo e volto a d'zer, aquilo tinha jêto de ser uma áiga. Tinha sa senhora.

Logo ali mái pralàzinho, olho entremêo duns charavascos, vejo, béque-me, uma cabeça de gente. Logo, inda quái que panhí medo, dí assim um rafujão p'a trás e nã me contive:

Rochas da Malhada Velha - Loulé
Iste sará um homem de "Cro-Magnom", c'm' disse uma dôtora que p'a lá 'tava?...

- Tó diébe, o qu' é que 'tá p' ali escondido p' trás daquelas tôiças?!... Aquilo é uma cabeça dum...

- Adonde, adonde, compad' Refóias?...

- Ali... Nã vê c'pad' Jôquim?... P' trás daquelas moitas, em par do sol...

Diz logo o saganheta:

- Dá ares a si... O nariz... Aquela cachimóina comprida...

- Só s' a si!... Vá lá charingar ôtro!... Qu' ê saiba nã tenho a cabeça assim compridona c'm' àquele... E careca nã sô...

- Mái fez-me alembrar mecêa, o qu' é que quer?... Tal e qual, um dia destes, que vomecêa 'tava todo descrapuçado lá debaxo daquela sobrêra p' trás de casa...

Diz a tal dotôra, que 'tava logo ali arrumada à gente e nã tem nada em ter ôvisto a conversa toda:

- Cá p'ra mim, aquilo é um bom exemplar do "Homem de Cro-Magnom"...

- O qu' é qu' ela disse, c'padre?!..

- Sê cá?!... Falô p' ali num homem quasequer. Ê cá nã no conheço, nã me precure, qu' ê afianço que nã no conheço... Nunca ôvi falar dele. Isso há-de ser algum nortenho lá da terra dela...

Nisto, 'tava a gente munto bem sa senhora boa vida nesta conversa - bàxinho, 'tá bom de ver, p' à m'lher nã ôvir o que se d'zia - olhí àlém p' à frente, já o resto da famila 'tava tudo junto, num grande ôrío, à rés dôtra pedra tamém munto bem caçada. E, p'r o jêto, tem que se ter conta com ela...

Vô-me lá ô pé, ponho-me à escuta, d'zia a minha Maria:

- Ah, s' ele é lá isso, quem nã passa ali sô ê cá... Mecêa passa, c'mad' C'stóida?

- Ê cá?!... Nem pensar!... E se, despôs, nã dô voltado p' à banda de cá?!...

- Atão, tem aí alguma calêra ó covato que seja má de passar?... - Prècurí ê cá.

- Podem ir qu' a gente os dôs, despôs, puxame-se-as cá p'ra riba ôtra vez... Um pega num braço, ôtro nôtro... - diz o c'pad' Jôquim.

- Qual o quem?!... Nã é nada disso!... Vocês andam semp' aí desmandados e, despôs, nã ôvem a dexplicação das coisas... Nã é c'mad' Maria?...

- Nunca sã capazes de 'tar aqui ô pé da gente. Andam semp'e desviados... Se há vendas perto, é p'r que há e vã logo p'a lá b'ber uns copes, se nã há, é p'r que nã há e tamém nã param adonde pertence 'tarem...

Rochas da Malhada Velha - Loulé
Mái quem é que se astrevia a passar na Porta do Além, senhor?!...

- Jôquim, se t'vesses aqui ô pé da gente, c'm' ê te digo semp'e p'a 'tares, tinhas ôvisto o jêto d' a gente ter medo de passar p' à banda de lá. Mái tu nunca 'tás...

- E o meu é o mémo!...

- Mái atão, no fim de resto, nã passam p' à banda de lá premode quem? É alguma coisa que nã se possa saber?...

- Nã vês qu' isto aqui é a "Porta do Além"?!... Quem passa p' à banda de lá nã se sabe se dá voltado...

- E já algum desparceu?...

- Des que sim... Que já há quem tenha desparcido... Passaram p' à banda de lá e levaramn um sumiço que nunca mái ninguém os viu...

- Atã dêxa-me lá tirar já um retrato entes que vocês sejam todas ser ingolidas e ê cá e o compad' Jôquim nunca mái s' as veja...

- Ai tu abusas?!... Quêra Dés nã te calhe a ti!...

- Ê cá tamém tenho munto respêto p'r essas coisas, c'madre... Más o homens, já sabe...

Bom, a conversa inda durô munto más, mái ê fico-me p'r 'quí.

S' irem lá à Malhada Velha, uma coisa l'es digo: tenham munta conta com a "Porta do Além". Nã vã elas se dar...

E, p' ôs que quêram ver mái alguns retratos, acalquem aqui na galeria do passêo da Malhada Velha que 'tá lá tudo.

Tenham munta saúde, mês belos amigos.

07 fevereiro 2009

100.000 bispadelas

100.000 visitas ao 'Parente da Refóias'
Já vieram aqui 100.000 vezes bispar o 'Parente da Refóias'...

Calhí a m' ir assomar ali àquela coisa que marca q'ontas vezes é qu' a famila vem aqui devassar isto, vejo um numbre tã comprido qu' até custí a dá-lo lido... Soletrí, soletrí, e, calhando, nã 'tarê atribuído. Aquilo, é limpinho qu' é méme cem mil...

Assim que tive a certeza, nã esperí fogo, fui caminho do mê compad' Jôquim p'a l'e dar a nova e l'e fazer arrenegas... É qu' ele, uma ocasião que 'tava um coisinho infèzado com-migo, teve a pôca vergonha de me d'zer que só quem vinha aqui ver isto era ê cá e um ó dôs parvos c'm' ê cá...

- Com qu' então, parvos c'm' ê cá!... - Arrulhí-l'e bem de rijo ô pé das orelhas, inda mal ia chigando à rés dele.

- Parvos c'm' vomecêa?!... Mái que conversa é essa, compad' Refóias?...

- Atã já nã s' alembra daquela ocasião que mecêa me pôs im cara que só quem ia ler aquelas patacoadas qu' ê ponho lá no Blog era ê cá e parvos c'm' ê cá?!...

- Disse?!... Nã tenho mimóira disso, nã senhora...

- Ai, nã s' alembra?!...

- Mái, se nã l'e disse, dig'-l'e agora: s' irem lá mái alguns, há-de ser munto pôcos...

- Ai sã munto pôcos?!... Atão, fique sabendo que já lá foram bispar cem mil vezes!...

100.000 visitas ao 'Parente da Refóias'
O mê compadre nã queria crer no qu' ê cá l'e 'tava d'zendo, mái tã penas viu aqueles zeros todos à frente do um...

O homem fez assim béque-me que s' ingasgô, dé um tossido p' ô lado, e vá de desconversar:

- Mecêa inganô-se aí nuns dôs ó três zeros, compadre... Ó 'tará a precisar d' ir ô dôtor dos olhos. Mái nã é p'r falta de vista... é p'r 'tar a ver a más...

- Atã, venha cá ver vomecêa... Venha!...

- P'ra quem?!... Calhando, mecêa já mexé lá naquilo... c'm' o mê Zé Manel fez uma vez ô conta-quilómetros daquela b'cicleta qu' ele vendé a um trôxa lá de baxo do Algarve... Nã s' alembra? Aquilo marcava alguns cento e tal mil quilómetros e ele pôs curenta e oito...

- Isso foi o sê Zé Manel... Más ê cá nã faço dessas...

D'zer a verdade, já me 'tava a inzainar um coisinho com aquela conversa, cudando qu' ele 'tava a fazer cachamorra de mim...

- Nã se parêça mal, compad' Refóias qu' ê cá 'tô só a caçoar consigo... Atã, amostre lá isso, p' à gente ver...

Mái, ô fim de contas, o homem 'tava só a charolar...

De manêras que, a coisa compôs-se e pusemos-se os dôs munto imbasbacados a lambarear a respêto do caso.

E isto tudo premode quem?... Premode vomecêas, mês belos amigos, andarem semp'e aqui a devassar as minhas parvoêras...

Ora, 'tá bom de ver, qu' ê cá nã faço nada de más em l'es agradecer. Tamém, p'a ser franco, mái do que isso nã dô fêto...

Atã, m't'ôbrigado, m't'agradecido, Dés Nosso Senhor é que l' há-de pagar.

E vã parcendo sempre p'r 'qu'i qu' ê fico munto contente.

Tenham munta saúde e até um destes dias.