15 dezembro 2009

A Feira das Velharias de Vila Nova

Feira das Velharias de Portimão
Com o Sol inda p'r narcer já a Fêra das Velharias 'tava nisto...

S' ê cá l'es contar adonde é que fui um dia destes com a minha Maria, mecêas, calhando, nã têm nada em inda incherem o papinho de rir à minha conta, mái c'm' nã me vem, agora, ôtra coisa à mimóira p'a l'es falar, riam-se ó não...

Faz, béque-me, agora quinze dias, D'mingo que vem - quinze dias ó três semanas, jã nã m' alembra bem... más isso tamém o tempo que há ó que nã há nã tem assunto... - fui até Vila Nova. E fui até Vila Nova premode quem?

É qu' a minha Maria já há uns belos tempos qu' andava a brigar im forte com-migo p'a ê cá ir com ela lá, a uma fêra qu' eles, nã sê qual a rezão, fazem quái todos meses p' à famila ir vender as trugias que tenham im casa e já nã tenham míngua delas.

Entes de me resolver a ir, inda disse à minha Maria p'a falar à c'mad'e C'stóida s' ela nã gostava ir tamém com a gente qu', assim, o compad'e Jôquim tamém havera de ir p'a me dar companha e ê semp'e 'tava lá mái advertido.

Feira das Velharias de Portimão
Nã há nada c'm' um belo toque de corneta p'a chamar a freguesia...

A C'mad'e C'stóida, p'ro jêto, disse logo que sim, qu' aquilo é moça que nã dêxa passar nada, mái atão e o marafado do compad'e Jôquim qu' imbirrô que nã queria ir?!... E, em ele d'zendo que não, é munto má de se l'e dar fêto voltar com a dele atrás. Aquilo é bicho que nã dá orelha, 'tejam certos...

Ora ê cá já tinha dado a intender à minha Maria que ia, tamém nã quis dar o dito p'ro nã dito dôs ó três dias despôs qu' o incontrí ali nos cantêros dele. O homem tinha p'ali uma quadra ó duas de batatas-doces, inda nã as tinha arrencado e 'tava, naquele dia, a acêfar a rama. O qu' é que se esperava... antrí logo com ele:

- Compadre, atão elas 'tavam com sede, calhô bem aquela aguinha que chové antes d' ontem...

- Lá 'tá vomecêa semp'e com as suas parvoêras... Se nã nas arrenquí mái cedo, foi que nã ... Ó cuda qu' ê cá nã tenho mái nada que fazer?...

- Dêxe lá... Assim, vêem mái aguadinhas, têem menes açucre, nã fazem mal a quem tenha os diabetes...

Feira das Velharias de Portimão
Agora, já pôco se vê o gado com campas destas...

É que, nã sê se mecêas sabem, mái s' uma pessoa dêxa as batatas-doces na terra até despôs de chover, aquilo ficam deslavadas que nã têm gosto nenhum. E foi o qu' ele fez...

- Mái dêxa-se isso da mão. O qu' ê cá l'e queria falar era ôtra coisa. A minha Maria des que mecêa nã quer ir com a gente a Vila Nova à Fêra das Velharias...

- Pôs nã vô... Aquilo tem alguma coisa que ver?!... Uma ocasião, inda fui a uma que faziam aqui im Monchique, aquilo ajuntavam-se p' ali três gatos pingados com mêa-dúiza de coisas velhas sem virtude nenhuma...

- Isso foi aqui, logo no prencipo... Agora 'tá tudo mái desinvolvido. Des qu' im Vila Nova ajunta-se p'a lá um poder de famila a vender qu' é uma coisa temente...

- Calhando sã mái a vender do qu' a comprar...

- Isso é o que mecêa cuda. Prècure ô sê Zé Manel qu' ele já há-de ter ido lá e sabe-l'e d'zer bem c'm' é que é... A mim, d'zeram-me qu' a comprar, atão, aquilo é uma chusma de famila que parêce um inxame d' abelhas.

Feira das Velharias de Portimão
Nôtros tempos, p'a nã se cortar os dedos com a fôce, tinha que se pôr estes canudos nos dedos da mão...

- Há-de ser, há-de... Olhe, atão, o melhor é mecêa nã ir p'ra lá. Já viu que, com essa idade que já tem, inda algum s' ingana, cuda que se trata d' alguma peça antiga e quere-o comprar?...

- Olhe lá, compad'e Jôquim, dêxe-se de alarvidades e pense más é im ir com a gente. Nã dê essa pàxão à Comadre...

E fui andando até ô monte. Nunca pensí foi que o homem f'casse a ramoer naquilo, mudasse de idéa e fosse p'ra casa já resolvido a ir tamém com a gente. Mái foi o que se deu.

De manêras que, nesse tal D'mingo, logo bem cedinho - des qu' aquilo abria logo às sês da manhã... - lá abalamos todos quatro carregados com aquelas òcharias todas - tudo tranquitanas que já nã serviam p'ra nada, 'tá bom de ver - e pusemos-se lá no mêo dos ôtros a ver c'm' é aquilo corria.

Vinha um, punha-se a olhar, précurava (à minha Maria, 'tá bom de ver, qu' ela é que era a negocianta...):

Feira das Velharias de Portimão
Ferramentas antigas nã faltavam...

- Q'onto é que vale esta bomba?

Era a bomba duma pedalêra que me rôbaram há uma data d' anos.

- Olhe, p'ra si, vá lá um ero e mêo... Más isso é material do bom. Vale bem uns três eros à vontade...

- É munto caro!... Vá lá cinquenta cênt'mos e já é munto...

- Cinquenta cênt'mos?!... Cinquenta cênt'mos nã é nada, criatura!.. Vá lá p'r um ero... Mái nã conte nada a ninguém!...

Da quem nada, vem uma, joga-se a uma mala de mão qu' a minha Maria tinha comprado no Chinês e já 'tava a largar as pegas. Aquilo tinha-l'e custado tuta e mêa, mái tinha p' ali uns desenhos e umas letras béque-me duma marca estrangêra qu' ê cá nã sê o nome - mái as m'lheres sabem isso tudo...

Feira das Velharias de Portimão
Désna de relójos de parede até às máquimas de costura, tudo lá par'ceu...

- Sã três eros, minha senhora. Más olhe qu' isso vale munto mái do drobo... Nã vê os fechos? 'Tã um coisinho ferrugentos mái foncionam todos do melhor. Querendo, pode-os alimpar com um coisinho de vinagre qu' eles ficam a luzir c'm' nôvos.

A ôtra apresentô dôs eros, a minha inda se 'tava a fazer esquerda, dí-l'e logo um toque entes qu' a freguesa s' arrependesse. É qu' ê cá já 'tava a ver era qu' a gente nã dava arrenjado d'nhêro p'a pagar os bilhetes da carrêra... P'a já nã falar do aluguel do lugar que foram mái quatro eros e mêo p' à Cam'bra de Vila Nova...

De manêras que, a coisa, no que respêta ô d'nhêrinho, foi fraca. Mái, q'onto ô resto, corré tudo bem. Vi p'r lá um amigo ó ôtro cá da Serra e aprevêtí p'a tirar mêa-dúiza de retratos que mecêas, querendem, podem ver s' acalcarem aqui na Galeria da Feira das Velharias de Portimão.

E passem todos munto bem.

24 novembro 2009

O 'Jeko' e o 'Kiko' fazeram a Via Algarviana duma ponta à ôtra...


O Kiko e o Jeko em Marmelete
O "Jeko" e "Kiko" fazeram a Via Algarviana duma ponta à ôtra...

Domingo passado, logo de manhãzinha cedo,fui, todo limpêro, caminho de Marmelete, cudando qu' era p'ra ir em companha do "Jeko" e o "Kiko" até Al'zur no últ'mo dia da Via Algarviana deles. Deles e da dona deles, que nunca os largô désna d' Alcôtim até aqui.

Prècuram-me vomecêas:

- E quem é essa famila?...

E ê cá dô-l'e a reposta:

- O "Kiko" e o "Jeko" sã dôs burros muntíss'mo de bem tratados - tomara ê cá ter a vida qu' eles têm... - e a dona é uma alemôa, munto boa pessoa, ch'mada Sofia, e munto minha amiga e da minha Maria.

E mecêas repisam:

- Uma alemôa?!...

- Sa senhora, uma alemôa. Mora além p' às bandas d' Al'zur, no Vale da Amorêra, fala c'm' à gente que se percebe tudo o que diz, e meté-se-l'e na cabeça qu' havera d' incher uma cerca de burros. Gosta dos animazes, o qu' é que mecêas querem. Já tem tantos c'm' sete e quer arrenjar mái uma manchinha deles...

E lá p'r ser estrangêra, nã cudem, há pôco c'mo ela. Uma pessoa do melhor que pode ser e haver!...

O Kiko e o Jeko em Marmelete
Hôve quem l'e desse cinoiras logo ô quebra-jum, tal nã foi a sorte deles...

Pôs a dita Sofia, p' à ajuda da palha e da r'ção dos b'chinhos, dé im fazer uns passêos com quem quêra levar os moços-pequenos a andarem a cavalo nos jiricos, pagandem-l'e qualquer coisinha. Coisa pôca, 'tá bom de ver...

E atão, já há uns belos tempos qu' ela andava a d'zer à gente que, em podendo, pegava num ó dôs burros dos que 't'vessem mái rijos e ia fazer a Via Algarviana com eles. Assim, já nã tinha qu' alancar com as coisas às costas. Eles acartavam-nas sem custo nenhum que têm bem força p'ra isso...

Levô a matinar naquilo, a matinar, até que se opôs, desalvorô caminho de Alcôtim e pôs-se a andar p'ra este lado, p'ra poente.

E teve sorte... O tempo ajudô e arrenjô semp'e camaradas. Nã hôve dia nenhum qu' ela nã t'vesse companha. Ora uma, ora ôtra, hôve semp'e umas amigas dela a l' ajudarem a cudar nos burros e a andar o caminho. Melhor d'zendo, as v'redas...

A caminho da Ribeira da Rocha
P'a quem já andava há duas semanas, inda tinham boa cara...

Inda cudí que, im muntos sitos t'vessem que arrenjar uns incurtadoiros ó irem p'r caminhos inda mái compridos, mái, p'ro qu' ela me contô, até mémo no bico da Picota, os burros passaram que foi uma beleza. Des que par'ciam cabras p'r cimba daquelas pedras...

De manêras que, corré tubo do melhor até chigar a Marmelete. Aí, qu' ê cá 'tava fêtinho p'a ir com eles até Al'zur, chego lá, Domingo de manhã, c'm' l'es falí logo no prencipo desta conversa, e nã é qu' um pobrezito 'tava com uma dor numa perna?!..

P'ro jêto, Sáb'do, abalaram de Monchique, panharam um gradessíssem'ô navoêro ô desandarem da Fóia p'ra baxo, os bichos iam todos suados, com aquele frio e aquela morraça, chigaram a Marmelete e um dé im coxear.

Ora, a dona, que gosta mái deles que sê cá o quem, disse logo que, assim, nã podiam seguir viaja. Nem qu' ela t'vesse que dromir ali ô pé deles na arramada qu' uma amiga lá l'e arrenjô. Salta a minha Maria:

- Ó senhora Sofia, vomecêa tamém podia fazer uma coisa: dêxava aí o coxo e levava-se o ôtro. O qu' é que diz? Logo o vinha buscar...

Atravessando a Ribeira da Rocha
D' ora im qonto, parêce uma r'bêra. Vá lá qu' a da Rocha, inda assim, nã levava munta água...

- Que jeto?!... Eles 'tão tã acost'mados um ô ôtro qu' o que f'cava nã aguentava as sôidades. Levava pr' aí a zurnar toda a nôte e a arraspar o chão todo. Até a arreata ele era capaz de partir p'a se pôr a mexer atrás do ôtro...

- Prendi-ô bem...

- Toma chó!... Chega-te p'a lá Jeko!... Nã vê? Parêce ele que percebe o qu' a gente 'tá a d'zer... Cudado nã vá ele l'e dar p' aí algum côce!... Olhe qu' ele é manso, mái em l'e chigando o sãingue às ventas...


- Atã e agora? O qu' é que se faz?...

- Querendem, vai-se todos caminho de Al'zur e eles ficam aqui os dôs qu' ê cá, amanhã, logo os venho buscar.

Nesse entrementes, já tinha havido quem fosse comprar um quilo de cinoiras e vá de dar nelas ôs dôs qu' eles até se lembiam. Um 'tava tã esgazeado com fome - ó atão era a gulosêra... - que, más um nada, nã dava uma mordizada tamém na mão dona...

Ô certo, ô certo, é que semp'e s' abalô caminho d' Al'zur e eles f'caram im Marmelete. A minha Maria teve uma paxão que mecêas nã calculam...

A caminho da Rocha
Na Rocha de Cima há uns belos amiêros. Dã uma sombra qu' até dá gosto...

Com aquilo tudo, abalar e nã abalar já ele passava das dez. Más o tempo, ora se toldava ora alimpava, o calor tamém nã era munto. D'zer a verdade, ô prencipo, até qu' inda quái que tive p'ra vestir qualquer coisa p'r cimba da blusa, mái tã penas chigamos ô apartadoiro p' à R'bêra da Rocha já 'tava más era tudo incalorado...

Daí p'ra diante, até à partilha do concelho, já prebaxinho da Néveda, foi sempre a andar de ladêra a baxo, devassar madronhêras, estevas, amiêros e coisa e tal. E posso-l'es afiançar que vistas c'm' àquelas é má d' incontrar.

Querendem ver mái mêa-dúiza de retratos, acalquem aqui na galeria dos retratos. E olhem de desta vez sã méme pôco mái de mêa-dúiza...

E até qualquer dia. Dés l'e dê saúde.

10 novembro 2009

O 'Pisolithus Tinctorius'


Cogumelo 'Pisolithus Tinctorius' também conhecido por 'Bufa de Velha'
Ô "Pisolithus Tinctorius" cá a gente chama-l'e "Bufa de Velha"...

- O "pisolites" quem?!...

- O "Pisolithus Tinctorius", ti Refóias...

- Qu’ é isso, home?...

- É assim qu' eles alomeam essa cagumela. P'r menes, ê cá fui ver ali a uma coisa qu' ele há na internet, ch'mada Wikipedia, e 'tá lá esse nome.

- Cagumela?!... Nunca dí p’r ninguém ch'mar cagumela a isto…

- Atão, ‘teja certo qu’ isso é uma cagumela tal e qual c’m’ às ôtras que p’r ‘í há. E os que sabem dã-l’e o tal nome de “Pisolithus Tinc…

- "Pisolites"… Pôs olha, Zé Manel, isso nunca ôvi... Ê cá semp'e tenho ôvisto é a famila daqui l'e ch'mar "Bufa de Velha", com l'cença da palavra, que nã te quero faltar ô respêto. Nem a ti nem mái ninguém...

- Isso é o qu’ a gente aqui, parvos, se l’e dé im ch’mar. Foi um petafe qu’ a famila de cá semp’e teve foi esse. Em nã se sabendo bem o nome duma coisa, enventa-se uma à nossa manêra… Agora veja lá se vai pôr isso aí na internet...

- E achas mal? Cada um desinrasca-se. Foi p'r "Bufa de Velha" qu' ê sempre os conheci...

Cogumelo 'Pisolithus Tinctorius' também conhecido por 'Bufa de Velha'
Qualquer sito l'e serve p'a narcer...

- Mái tamém, nã vale abusar… “Bufa de Velha”… Tal é essa conversa!... Sempre podiam ter arrenjado um nome mái jêtoso…

- Olá, olá… Até parece qu’ é alguma coisa do ôtro mundo…

- E nã l’e parêce?!...

- Cá p’ra mim, ‘té acho que l’e fica méme ô queres. Já repàiraste, q’ondo elas ‘tão maduras, e l’ incalhas ó dás uma tarôcada o qu’ é que se ?

- Ora… Sai uma remessa de…

- … de fumo…

- Qual fumo!... Aquilo parece fumo mái nã é, ti Refóias…

- Fumo digo ê cá… Ê sê munto bem qu’ aquilo nã é fumo. É uma pòzêra quasequer…

- Aquilo sã as sementes deles. Quer-se d’zer, eles chamam-l’e, béque-me, esporos.

- Seja lá o que ser, já que sabes assim tanto, alguma vez viste algum narcer no mê duma estrada d’ alcatrão?

Cogumelo 'Pisolithus Tinctorius' também conhecido por 'Bufa de Velha'
Fazeram-l'e uma estrada d' alcatrão im cimba? Fura o alcatrão e pronto...

- C’m’é qu' havera de ver? Isso nunca se deu… Só se t’ver lá um monte de terra… ó esturme… ó coisa assim…

- Isso cudas tu. Pôs fica sabendo – e vem àlém o tê pai que nã me dêxa mintir, qu’ ele tamém viu – qu' inda ontordia, ia-se a gente os dôs a caminho de Marmelete, à pata, e, num certo sito, p’a melhor d’zer, méme ô pé do Cerro dos Picos, ‘tavam uma data delas…

Acode, logo, o mê compad’e Jôquim do Barranco, pai do Zé Manel:

- Umas já grandes ôtras não, tudo narcido no mê do alcatrão!... Faz verso e é verdade.

- Alguma vez?!... Hoje tiraram os dôs p’a fazerem porra de mim, já vi…

- Nã é nada disso, Zé Manel. O qu’ o tê pai diz é a pura da verdade. Olha, parêce mintira, mái as velhacas narceram méme debaxo do alcatrão. Alevantaram-no e ali f’caram espècadas

- Só vendo… E méme assim, nã sê, na sê...

- Atã, calha méme bem, anda cá aqui com-migo qu’ é p’ra veres uns retratos qu’ ê l’es tirí…

- E isso f’cô alguma coisa de jêto, compadre? É qu’ os sês retratos, d’ ora im q’onto, ficam assim um coisinho manhôsos...

- Lá 'tá vomecêa...

- Nã l’e pareça mal. Calhando, sô ê cá que já vejo pôco com estas lentes…

Falar verdade, nã me calhô aquilo munto bem e quái que me parcé mal, mái, méme assim, lá fui amostrar os retratos ôs dôs. Pai e filho. O qu' é qu' ê cá havera de fazer?...

Cogumelo 'Pisolithus Tinctorius' também conhecido por 'Bufa de Velha'
Em 'tando maduro, lá vã as sementes pr' os ares...

E, p'ra mecêas verem o qu' o tal "pisolites nã sê quem" é capaz de fazer, tamém l'es pranto aqui uns quatro ó cinco retratos, méme mal tirados e conto-l'es c'm' à coisa se passô.

Aquilo, p'ro jêto, as cagumelas tinham-se criado lá, o ôtro ano, q'ondo a estrada inda era uma carrelêra de terra. Dêxaram a semente, sa senhora boa vida, e desparceram, c'm' tôdes anos. Vai daí, a Cam'bra terminô alcatroar aquilo e foi o que fez.

De manêras que, as sementes - aquilo qu' eles alomeam de esporos - f'caram imparêdadas debaxo do alcatrão e da brita. Ora, tã penas chigô a altura de darem cagumelas novas, aquilo há-de ter sido uns trabalhos... Más elas pertaram tanto ó tã pôco com o alcatrão que, foram foram, arrebentaram com ele e parceram à luz do dia...

Más ê cá tamém 'tô c'm' o Zé Manel. Se nã visse nã acraditava...

Cogumelo 'Pisolithus Tinctorius' também conhecido por 'Bufa de Velha'
Atanchem-l'e com uma bordanada e logo vêem a pòzêra qu' ela dêta...

Por isso, nã m' admira nada o moço cudar qu' ê cá e o pai dele se 'tava a mangar.

E mecêas, calhando, tamém nã ficam lá munto certos qu' a coisa se tenha passado assim. Ora, cagumelas a furarem o alcatrão da estrada... Quem sabe lá s' isso nã é coisa aí dessa malta da internet que mudam os retratos e fazem o que querem com eles...

Más isto é tã puro c'm' à luz que nos alomêa. Dé-se tudo tal e qual c'm' ê cá l'es 'tô a contar. Podem acraditar à vontade cá no Parente qu' ê nunca l'es ia fazer o ninho atrás da orelha. E logo a vomecêas que vêem semp'e devassar as patacoadas qu' ê cá pr' aqui pranto...

E desta manêra me despeço. Fiquem-se com Dés.

29 outubro 2009

Marcas do Tempo

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Foi com este retrato qu' ê cá ganhí um prèmezalho...

Nã s' apequentem com-migo d' ê cá vir ôtra vez falar da 5ª Corrida Fotográfica de Monchique, mái atão - inda 'tô p'a saber c'm' é qu' isto se deu... - os que mandavam lá naquilo descaíram-se com prèmezalho cá p' ô Parente.

Ora, 'tá bom de ver qu' ê cá nã ia dêxar passar uma ocasião destas im vão, más a más, qu' o mê parente Zé Caçapo, que tem p'r c'stume andar semp'e a antrar com-migo, tinha postado que retrato meu nã havera de par'cer lá nenhum na exposição q'onto más ganhar fosse o que fosse.

Isto, p'a nã falar do mê compad'e Jôquim do Barranco que andô aí coisa dum mês sempre a m' a atentar a cabeça com a méma conversa. Já a minha Maria, verdade se diga, pertô sempre com-migo p'a ê cá ir lá e, désna do prencipo, teve semp'e a mania qu' ê cá que ganhava...

- Mái ganhar o quem, Maria?!... No mêo de perto duns sessenta e quái tudo famila intendida, nem eles dão p'r mim... Põe-te no tê lugar, m'lher!...

- Dêxa que logo vês... Tenho aqui uma coisa que me diz. E já aprometi uma chôriça ô S. Luís, nã cudes...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
O Senhor Presidente da Câm'bra 'té me dé um diploma e tudo...

A minha Maria tem destas. Agora, lá se me vai uma chôriça do varal, em chigando ô dia do Santo que, se nã 'tô atribuído, é lá p'a vinte um de S. João. Mái, ô menos, arrecebi uma preçanada de bilhetes p'a ir gastar na FNAC. Valem é pôco más qu' a chôriça...

Premode isso já o parente Zé Caçapo se fartô de m' inzucrinar o juízo. É qu' ele postô com-migo uns copos d' aguardente e perdeu, mái agora, todo caganêroso, inda se gaba:

- Ó Refóias, atã nã vês qu' ê cá, que ganhasse a aposta qu' a perdesse, semp'e os pagava. Agora tu, ganhaste quatro ó cinco bilhetes p'a ir à FNAC, eles lá nã têm nada que se coma ó qur se beba, e vás f'car sem uma chôricinha qu' a tu Maria tem que dar ô S. Luís, o qu' é qu' isso t' adianta?...

- Mái ganhí...

- Nã saria munto melhor a gente fazer uma função e se rapimparmos com ela e mái qualquer coisa que tu t'vesses pr' aí?...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
A famila andava a panhar umas castanhitas c'm' notros tempos. Foi à medida...

- Olá, olá... Mecêa, tamém, nã pensa im mái nada senã im comer... E, más a más, qu' a gente pode fazer, na méma, uma patuscada. Mecêa traz lá um garrafanito daquele casêrinho que tem lá e a minha Maria mata uma coelha que tem pr' ali e pronto. A marafada, bem a levo ô coelho, ele chega-l'e, más ela, gorda c'm' 'tá, malêa sempre...

- Ah, isso, coelho não!... Nõtres tempos, gostava, mái agora, dá-me nonjo. Nã tens pr' aí um galo?... Mái voltando ôs tês retratos, inda te deram alguma bela maquia ó isso é tudo conversa?

- Faça lá um calc'o...

- Sê cá!... Calhando, parvos c'm' são, inda te deram p' aí uns três ó quatro contos...

- 'Tá munto inganada, mê belo amigo... Foi um coisinho más.

- Cinco?!... Nã me 'tejas a inganar...

- Ai cinco... O drobo!... Cinquenta eros, ti Zé... Se nã quer crer, ê amostro-l'e ali os bilhetes, qu' inda nã os gastí.

- Ai homem dum raio!... E o qu' é que tu vás fazer, agora, a tanto d'nhêro, mom?!...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Vá lá qu' ele inda há quem s' aprecate a tempo delas secarem bem...

- D'zer a verdade, nã sê. Mái dêxe lá qu' a minha Maria logo l'e dá sumiço. Que, lá nisso, ela arrenja sempre manêra do gastar...

- A quem o dizes... A minha, que Dés tem, q'ondo era viva, era a méma coisa... Atã, e ôtra coisa, só tu é que ganhaste, mái ninguém?

- Que jêto?!... Ê cá só foi uma coisinha assim p'a nã d'zerem que nã me davam nada. Havia lá uns môces com uns retratos qu' eram uma classe, esses sim, é que ganharam uns belos prém'os...

- Ah, atã diz-me dessas...

- Vá lá à Exposição que logo vê o qu' é bom. Méme ê cá inda quero ir lá ôtra vez p'a devassar aquilo melhor...

E vomecêas, mês belos amigos, vejam lá se faltam a uma coisa daquelas... Olhem qu' aquilo tem que ver. S' inda nã sabem, é no novo Espaço de Jovem, logo prebaxinho da Junta de Freguesia, adonde 'tá a Internet.

Querendem ver o resto dos retratos qu' ê cá tirí na 5ª Corrida Fotográfica de Monchique, acalquem aqui na Apresentação de Diapositivos do Picasa ó, atão, na Galeria Refóias da 5ª Corrida.

E passem munto bem.

22 setembro 2009

5ª Corrida Fotográfica de Monchique

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Era aqui qu' a Corrida começava. Ê cá abalí logo a fugir...

Já havia uns belos dias qu' ê tinha ôvisto falar pr' aí numa "Corrida Fotográfica". A minha Maria, que nã dêxa passar nada, 'tava farta de m' impertenecer p'a ê cá tamém ir tirar p'r 'í uns retratos e apresentá-los, a ver o qu' a coisa dava.

Más ê cá, que pôco mái depressa ando qu' uma lesma, nã me queria opôr a isso cudando que, p' a antrar numa coisa dessas, uma pessoa tinha que dar andado a fugir do prencipo ô fim. Assim c'mo eles fazer no campo da bola...

E ela tém-mava que não:

- Ó homem, aquilo, cada qual anda c'm' pode!... Vai lá, munto bem, no tê passo e nã te rales com o dos ôtros que, em chigandes, logo chegas...

- Mái 'tão, nã vês qu' aquilo tem horas p'a s' intregar lá o cartanito da máquina dos retratos e, s' um f'lano nã chega a tempo e horas, já nã no arrecebem... Lá se vai o trabalhinho todo...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Isto é o que se chama uma casinha bem tratada...

- Qual o quem!... Aquilo é tudo famila conhecida, méme que chegues um coisinho mái tarde, eles nã se negam a isso...

- Olá!... Nã chegues lá a tempo que logo vês...

- E tem mái uma coisa. Inda esta manhão falí nisso ô compad'e Jôquim do Barranco e ele contô-me qu' o Zé Manel l'e tinha dito qu' aquilo nã se tem precisão nenhuma d' andar lá a fugir...

- Ah, sim?!... Atão chamam-l'e "Corrida Fotográfica" premode quem?

- Sê cá!... Eles é que sabem... Mái que se pode ir devagar, pode-se, nã cudes...

De manêras que, lá m' inchi de coraja, dí o nome e, no dia marcado, lá abalí com a máquina pindurada ô bescoço.

Tã penas estrapus da minha rua p'ra fora, parêce-me logo o ti Alvino - o das Martunhêras - p'ra frente, assim béque-me mê insonado, a esfregar as vistas - o homem vê pôco, des que tem a vista cansada:

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
P'ro andar do telhado, esta ch'miné de saia, se nã l' acodem, tamém nã dura munto...

- Venha com Dés, ti Refóias.

- Dés l'e dê saúde, ti Alvino.

- Adonde é que mecêa vai, logo de manhão, com uma pressa dessas, já com a tel'fonia de pilhas pindurada ô bescoço, hom'?... Vai tirar alguém da forca ó quem?...

- Lá isso, pressa, tenho. Más o qu' ê cá levo aqui ô bescoço nã é a minha tel'fonia. Nã vê qu' é a minha máquina de tirar retratos... Vô-me ali a uma "Corrida Fotográfica" qu' a famila lá da Câm'bra faz pr' aí...

- Ah, homem dum raio!... E acha que, na sua idade, inda tem posses p'a andar aí a fugir duma banda p' à ôtra?...

- Aquilo, pr' o jêto, méme chamando-se "Corrida", nã se tem preciso d' andar a fugir...

- Atã, s' ele é isso, posso ir tamém consigo?

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Méme assim, inda há quem saiba fazer munto bom pão cá p'r estas bandas...

- Poder, pode, mái mecêa dará àgu-ento? Olhe que, méme nã se tendo míngua de fugir, ó anda-se ligêros ó hablitamos-se a nã dar chigado a tempo...

- O qu' é que faz de mim? Ê cá inda quái que dô um coice numa estrela...

Nisto, vejo vir um carro devagarinho assim p' ô nosso lado, apara ô pé da gente. Quem é, quem nã é, abre-se um vrido, era o mê parente Arlindo:

- Atã, parentes, com a máquina às costas, nã me digam que tamém vã tirar uns retratinhos p' ô concurso?...

O mê parente Arlindo foi criado cá na Serra, mái estudô, e, agora, dá escola lá pr' ô Algarve, se nã 'tô im erro, até é no liceu de Vila Nova. Mái, méme sendo dôtor, gosta d' acompanhar cá com a gente e aprecêa umas patuscadas, assim, à manêra, e uns porretes d' aguardente. Da boa...

- Olhe, parente, ê cá vô-me. Agora aqui o ti Alvino nã sê. Más a más qu' ele nem tem com que tirar os retratos... E ê cá l' imprestar a minha máquina nã pode ser...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Na côrela do mê parente Arlindo, o madronho já vai amarelando.

- Nã vô, nã senhora... Inda agora, disse-l'e aquilo mái 'tava a mangar...

- Atã, venha daí qu' ê cá leve-o até ô Largo dos Chorõs. É lá qu' a coisa começa, nã é verdade?

- Des que sim...

E antrí p' ô carro do mê parente. Aquilo foi um 'stante, assim se chigô lá. O pior é que, à nossa frente, já lá 'tavam espècados bem uns cinquenta... P'ra más que p'ra menes. Olho p' ô mê parente, ramôio um coisinho, dá-me assim uma gavierra, digo p' ô parente Arlindo:

- Parente, vô-me imbora, barimbo-me nisto!... O qu' é qu' ê faço aqui no mê desta famila toda, senhor?!... Isto é tudo gente que sabe tirar retratos, inda vã é incher o papinho à minha custa.

- Dêxe-se disso, homem. Venha com-migo que f'camos juntos o dia entêro. Méme que nã se tire retratos, em chigando a hora de comer, des qu' a Câm'bra tem p' ali um comes e bebes p'a dar a todos, o qu' é qu' a gente precisa de más?...

- Ai, home, ai home, p'r esse lado sa senhora, mái o pior é o resto...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
Na hora da folga, uma manita ôs Três-Setes dá semp'e jêto...

O certo, o certo é que sempre se resolvemos a f'car os dôs e fazemos a "Corrida" cá à nossa manêra. Só basta que, ô almoço, fazemos-se rasmôlgos, os ôtros foram-se todos imbora, sentamos-se ali numa menza sòzinhos os dôs e foi comer e bober até mái não...

'Tá bem que, do mê dia p' à tarde, os retratos saíram todos um coisinho tremidos e tôrtos que nem um garrocho. Inda me voltí p' ô mê parente Arlindo, munto apequentado, qu' umas coisas f'cavam-me de cabeça p'ra baxo, ôtras p'ra cima e ôtras qu' ê tinha visto nem f'cavam no retrato:

- Nã vê, parente? É uma vergonha uma pessoa apresentar uma coisa destas lá... Ê nã intrego isto!...

Más ele sossegô-me logo:

- Que jêto?!... Nã diga uma coisa dessas!...

- Cale-se aí...

- Nã l'e dê cudados nenhuns... E olhe qu' ê cá sê munto bem o que digo. Eles, os que vã ver isto, inda hã-de cudar qu' a gente faz isto d'aprepósito e nã têm nada a inda darem algum prémio à gente...

- Atã nã dão!... 'Tá-se méme a ver...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
A maçaroca já pende e a charrafa tamém. Calhando, já era altura de panhar o milho e fazer uma descasca. Ó, atão, afituram-se a nã no darem secado a tempo p' à dessabuga...

Mái, fosse lá o que fosse, a gente nã 'tava im condiçõs de dar fêto melhor, p' à frente é qu' é caminho!... Cada qual tirava o mái retratos que podia. Tudo o que par'cia na frente servia. Agora só nã sê é c'm' é qu' eles vã resolver este caso.

Às mesmas coisas qu' o mê parente tirava, ê cá tamém tirava. E às qu' ê cá tirava, ele fazia o mémo. Os retratos nã têm nada im ser todos iguales. Ó, se nã serem, é só p'r uma coisa. Vomecêas nã digam a ninguém, más o mê parente 'tava um coisinho mái escorvado do qu' ê cá.

E, atão, é certo e sabido qu' os retratos dele hã-de 'tar mái tôrtos qu' os mêos... O pior - e isto foi uma arrencada da minha Maria - é se lá os tales do júri cudam qu' aquilo foi mémo d'aprepósito e descaiem-se com os prémios todos p' ô lado dele...

- Prém'os?!... - Dizia o mê compad'e Jôquim do Barranco uma tarde destas - Atã mecêa inda cuda que l'e vai acabedar algum?!... Ó compadre, dêxe-se de coisas... Quer-se comparar com esses que sabem tirar retratos c'm' deve ser ó quem?...

- Lá isso nã quero... mái...

- Isso, os que vêem de fora levam tudo... E méme alguns de cá nã l'e dã atopo nenhum. Vá mas é pondo as suas coisinhas aí na internet e já nã fica mal... Vá lá qu' o sê parente Arlindo, c'mo é dôtor, ganhe alguma coisa, agora vomecêa...

5ª Corrida Fotográfica de Monchique - Setembro/2009
É assim que se faz pedra p'a calçada. Mái, a nã ser aqui, já nã conheço mái sito nenhum...

E, d'zer a verdade, o mê compad'e Jôquim, calhando, nã dêxa de ter r'zão. Dêxa-me más é ir p'os conselhos dele.

Por isso, vejam más é estes retratos e, querendem, acalquem aqui na Galeria da 5ª Corrida Fotográfica de Monchique e vejam tamém os ôtros qu' ê cá tirí.

'Tá bom de ver que lá p' ô concurso só arreceberam quatro de cada q'ôlidade e escolhê-los é que foi uns trabalhos. De modes que, vi-me nuns traquetes tã grandes que fiz aquilo quái ô Dés dará.

E Dés l'e dê saúde.

07 setembro 2009

'O Parente da Refóias' na 'Visão - Vida & Viagens'

Revista 'Visão - Vida  Viagens'
Vai-se a ver, a "Visão" nunca se desqueceu da gente...

Calhando, inda 'tã alembrados da últ'ma vez qu' ê cá fui andar na Via Algarviana. Nã sê se l'es falí, mái se nã falí falo agora, iam tamém lá dôs môces, tanto um c'm' o ôtro, ch'mados Pedro, um p'a tirar retratos e o ôtro p'a apontar tudo o que via numa sebenta.

E d' adonde é qu' eles vinham?... Ora aí 'tá... Uma coisa que pôcos ó denhuns haveram de saber. Qu' eles, verdade se diga, nã traziam nenhuma tab'leta pindurada no bescoço e quem os visse havera de cudar qu' aquilo eram mái dôs, imparvetados c'm' ê cá, que se tinham posto a andar duas semanas a pé désna d' Alcoutim até ô cabo de S. V'cente.

Mái nã eram, nã senhora. Eram jornalistas duma revista ch'mada "Visão". Nã desfazendo, famila do mái porrêro que possa ser e haver. Tamém nã tinham r'zão nenhuma de quêxa. A gente, p'a ir lá, teve-se que pagar p'a dar o nome, eles inda t'veram quem l'e pagasse por isso... Mái, fosse lá o que fosse, demos-se todos muntíssemo de bem.

E, atão, despôs de duas semanas a andar a pé, chigados ô fim da viaja, a munto custo, cada qual abalô p' ô sê monte com a trôxa às costas. Uns côxos ôtros trôpos, mái quái todos chêos de pàxão daquilo ter acabado tã depressa. Mái, c'm' o que tem quer ser tem munta força e tudo o que tem prencipo tamém tem fim, o laré acabô dum todo.

Revista 'Visão - Vida  Viagens'
É aqui qu' ele conta a nossa passaja cá pr' a Serra...

Más inda com respêto ôs tás dôs jornalistas, os môces passaram tod' ô caminho um a tirar retratos e o ôtro a apontar tudo numa sebenta. Cudava ê cá qu' aquilo, calhando, até saria coisa p'a sair dali um livro ó quasequer coisa assim. Inganí-me.

Uma ocasião, inda entes de se chigar cá a Monchique - oh!... munto entes disso!... - conversando com o dos retratos, ele contô-me que 'tavam os dôs ali a ver davam fêto uma reportaja - reportaja, se nã m' ingano munto, é contarem lá no jornal aquilo que se passa im qualquer banda - de c'm' o é qu' a famila dava andado aqueles trazentos e tal quilómetros à pata e o qu' é que se via p'ro caminho.

De manêras que, f'quí à espera a ver o qu' é que dali saía. Comprí a tal revista "Visão", gastí um poder de d'nhêro, nã vinha nada. Esperí um mês, esperí ôtro... nada. Prècurí a este, prècurí àquele... ninguém me sabia d'zer nada. Pensí cá p'ra mim:

- Eles barimbaram-se foi nisso. Tira daí o sintido que nã tens sorte nenhuma... Os homens, calhando, nã acharam graça àquilo ó, atão, f'caram tã cansados que nã deram fêto nada...

Até o mê compad'e Jôquim do Barranco, um dia que se falô no caso, se pôs a fazer porra de mim que me fez quái chigar o sãingue às ventas:

Revista 'Visão - Vida  Viagens'
Com o qu' ele diz aqui, mecêas hã-de cudar qu' ê cá l'e besuntí as mãs com alguma garrafinha de madronho. Nã besuntí mái logo besunto, em o vendo. Qu' o homem morêce...

- Com qu' então até o tinha entrevistado, hem... e iam pôr lá no jornal o que mecêa disse... Eles viram foi que vomecêa nã passava dum trôxa qualquer e puseram-se a fazer cachamorra de si... ah, ah, ah!...

Aquilo caí-me tã mal, punhana!... Na altura, até pensí:

- Logo ê cá l'e falí no assunto q'ondo vinhe da Via Algarviana. Podia munto bem ter f'cado calado, nã l'e parêcem?...

Más agora já 'tô na mó de cima ôtra vez. Os homens tardaram mái nã faltaram. Im Agosto, lá 'par'ceu a tal reportaja adonde eles contam tudo da Via Algarviana e tamém falam de cá da Serra de Monchique e do 'Parente da Refóias'.

Nã é que sejam uma coisa assim de tod' ô tamanho, mái, comparado com o qu' eles falam dos ôt'os lados, até que nã 'tá nada mal, nã senhora...

E, em acabando de escrever isto, ê já l'es digo o que vô-me fazer. Vô-me caminho do mê compad'e Jôquim do Barranco e esfrego-l'e a revista nas ventas. Qu' é p'ra ele, à ôtra vez, nã me charingar c'm' fez naquele dia q'ondo se pôs a caçoar com-migo premode eles inda nã terem posto aquilo lá no jornal.

'Tá bom de ver que esfregar-l'e aquilo nas ventas é uma manêra de falar. Nã é que nã me desse vontade disso, mái vô-me é l' amostrar aquilo ali bem na frente da cara p'a ver o qu' é qu' ele faz. Desta vez, há-de f'car bem inrascado. E, calhando, um coisinho cioso...

Repórteres da 'Visão - Vida & Viagens' na Via Algarviana 2009
Um tirava retratos, ôtro apontava tudo num caderno...

Pôs, vistas bem as coisas, os Pedros fazeram um trabalho... uma coisa do melhor que pode ser e haver. E nã cudem... anderam aquelas dias todos ô pé da gente, nunca arrèlaram e, borrefas, nada... Chigaram ô fim com os pèzinhos im bom estado c'm' se t'vessem começado naquele dia.

E moços de bom trato qu' aquilo eram... Semp'e na charola qu' aquilo era um pagode de manhã à nôte. Mòrmente o Pedro dos retratos, mês belos amigos, ninguém se dava sustido ô pé dele sem largar umas carcachadas valentes d' ora im q'onto. Aquilo era chalaça atrás de chalaça...

Mái, já agora, querendem ver o trabalho qu' eles fazeram, acalquem na apresentação de diapositivos powerpoint do artigo que saíu na Visão - Vida & Viagens (é um f'chêralho com menos de 10Mb, nã cudem lá que se trata d' alguma coisa do ôtro mundo...).

E fiquem-se com Dés.

17 julho 2009

O Pulo do Lobo

Pulo do Lobo - Rio Guadiana
É isto que se chama o Pulo do Lobo. Que tal acham?...

- Des qu' os lobos, na era dos nossos avózes, pulavam duma banda pr' à ôtra do rio Gôdiana. Em ele levando pôcachinha água, 'tá bom de ver, e só aqui neste sito, premode as pedras o enstrêtarem duma tal manêra qu' os bichos davam salvado a água.

Nã sê s' era verdade ó não, mái foi o qu' o chòfer da excursão qu' ê cá fui, ontordia, d'zia, com uma grande prosáipa, q'ondo se chigô ô Pulo do Lobo e a gente se desamontô tôdes da camineta.

Pôs é verdade. Agora tirí p'a, d' ora im q'onto, dar uns passêos, qu' isto, a vida, nã é só um homem andar aí d' àrrojo a afossar na terra. Tamém tem que se l'e apr'vêtar alguma coisinha más. E c'mo eles inda vã p' aí pagando as reformazinhas, cá vai a gente... O qu' é que me dizem? Faço bem ó nã faço?

- Mái atão, des qu' ele já nã há lobos p'r cá, há uma data gèraçõs... C'm' é qu' isso pode ser?!...

- Ó parente Cosme, dêxe lá o homem falar. Ô fim, logo prècura o que munto bem intender...

- Vendo-l'a p'r o mémo preço qu' a comprí... Semp'e tenho ôvisto d'zer isso e tem um certo jêto. Nã veêm, o rio Guadiana, aqui, aperta duma tal manêra que, calhando, isso dava-se.

- Lobos?!... Nunca vi tal vivente. Só se no Jardim zológico...

Pulo do Lobo - Rio Guadiana
A água nã é munta, mái corre com uma bela forçalha...

- Ti Refóias, o sê parente Cosme da Quinta nã leva bem repáiro naquilo qu' o homem 'tá a d'zer e, despôs, põe-se com estas patochadas...

- Nem zorras ê cá tenho visto d' há munto tempo p'ra cá... Nem escalavardos... P'a d'zer a verdade, ele já nã há é quái bichos nenhuns p'r 'í!...

- E ele a dar-l'e... Ó homem, cale-se l'a pr' aí um mimento...

- Isto no tempo seco, que, no enverno, vinha aí uma r'bêrada que nã havia bicho que desse salvado duma banda à ôtra...

- Calhando, era melhor a gente ter vindo cá d' enverno. Munto gôsto ê cá de ver aquelas grandes r'bêradas que levam tudo à frente... Com a água toda negra e a urrar que mete medo...

- Vomecêa, hoje, 'tá destravado ó quem?... Dêxe lá isso da mão e leve repáiro no qu' o homem 'tá d'zendo:

- Mái, agora, c'mo eles fazeram a Barraja do Alqueva, isto já nã passa aqui nem das dez partes uma do que passava d' entes. Haveram de ver...

Pulo do Lobo - Rio Guadiana
Com aquelas pedras ali ô mêo, até podia ser qu' os lobos dessem passado...

- Parente Refóias, p' à ôtra vez vai-se más é ver essa tal barraja...

- 'Tá bem, cale-se lá...

- ... uma ocasião qu' ê cá vinhe aqui, logo a seguir ô Ano Bom, um ano qu' envernô bem... Punhana!... Vinha uma barrancada d' água negra aí prêabaxo, fazia uma urrada que nem l'es dô incarecido...

- E ê cá perdi uma coisa dessas...

- Cale-se aí, parente!...

- Nem se podia 'tar aqui adonde 'stamos, nã cudem... Passavam p'r cimba destas pedras todas, caía além im baxo naquele fundão, fazia quái um metro de escuma...

- E ê cá nunca vi...

- Tal 'tá a cachamorra, hã?!...

- Inda bem não, vinha uma arajazinha d' àlém daquele em par, alevantava um poder de escuma, t'vemos que s' ir imbora ali mái p'ra ciminha e, méme assim, inda se levava com ela p'la fúiça...

- Essa aí é que nã me calhava nada...

- Ôtra vez?!...

- Agora, adonde ele alarga um coisinho, a coisa toma logo ôtro jêto. Nã veêm ali? A água toda lisinha. Até dá quái p' à abanhar...

- Se nã fosse perquem, ia exp'rimentar... O qu' é que me diz, parente?

Pulo do Lobo - Rio Guadiana
Adonde ele alarga um coisinho, tem logo ôtro jêto...

- Ó parente Cosme, atã mecêa nem lá no tãinque da Pedra da Zorra é capaz de se meter, que l'e dá a água só p'r as canelas... q'onto más aqui...

- Quem é que l'e disse?... Nã me faça marafar qu' ê jogo-me já lá p'a drento!...

E fez assim, béque-me, a amenção de desabotoar os cordõs das botas. Más ê cá vi logo qu' aquilo era conversa e pertí com ele:

- Sa senhora!... Mecêa tem mái medo da água qu' um gato escaldado... Uma ocasião qu' a gente 'tava tôdes a fazer lá o açude do Tãinque Grande, vomecêa pôs uma leva mal posta, despôs pasô-l'e com as botas de borracha p'e cimba, dé um escorregão, foi-se espatarrar no mê da r'bêra, insiô-se todo qu' inda vi jêtes de s' afogar p'a lá...

- Alguma vez?!... Só mal molhí as botas...

- Põs atão, a água mal l'e dava p'r os artelhos... Aqui é qu' ê gostava de ver... Nã é homem nã é nada!...

Diz o mê compad'e Jôquim, que tinha 'tado munto calado este tempo todo:

- Compd'e, nã o 'teja a açular senã ele inda se joga pr' aí e, despôs é um caso sério...

- Vamos panhá-lo a Vila Real de S. Antóino, à tarde, com uma rede, q'ondo a camineta lá passar de volta...

Más o mê parente nã foi nisso, qu' ele parvo nã é e saber nadar é, mái ó menes, c'm' um rabôlo...

Querendem ver uma coisa bonita, vã ô Pulo do Lobo. Em chegandem a Mértola, é logo ali...

Passem munto bem.

03 julho 2009

Bonecos d' arêa

Construções na areia - Fiesa 2009
Im Pêra, fazeram uns bonecos d' arêa que sã méme bem-caçados...

Era uma coisa qu' ê cá tinha vontade de ver já há um belo tempo e inda nã tinha tido ocasião era isto dos bonecos fêtos d' arêa qu' eles, tôdes verõs, usam a fazer lá no Algarve, ali p' às bandas de Pêra.

Pôs, a semana passada parcé-me aqui o ti Luís Agúida p'a me comprar umas bajas temproas qu' ê tinha pr' ali - o homem faz a praça im Vila Nova - nã foi tarde nem foi cedo, fazemos logo duas contratas duma assentada: vendi-l'e as bajas todas p'r junto e combinamos a ir os dôs, no mata-velhos dele, a ver as tás bonecos fêtos d' arêa.

Aquilo foi uma coisa que calhô assim im conversa, num derrepente, e ê cá, logo de mimento, nem me vê à cabeça qu' o estapor do mata-velhos só pode levar dôs passagêros. Ora, c'm' é qu' a minha Maria ia tamém... E a ti Felismina, qu' é a m'lher?...

- Ó ti Luís, atã e nã se leva as nossas velhas?... - Dig'-l'e ê cá.

- Quem, a ti Maria e a minha Felismina?...

- Quem havera de ser?...

- Ó ti Refóias, dêxe-se disso... As velhas que fiquem a cudar no monte qu' a gente os dôs vai munto bem sòzinhos... Olhe, ê cá... tenho alturas que já nã dô aturado a minha...

Construções na areia - Fiesa 2009
Até do Camõs nã se desqueceram. E dumas moças qu' ele incontrô na Ilha dos Amores...

Aqui, f'quí-me... Más ele, levô a catarruar naquilo, nã se calava, e a minha Maria qu' andava a tabornequear ali no alpendre pôs-se à escuta e ôviu. Ora, salta logo de lá...

- O qu' é qu' o ti Luís 'tá p'r aí a d'zer, qu' ê nã panhí munto bem?!... É p'ra s' ir tôdes ver as construçõs na arêa?... Ó é só vocêas?...

F'quí logo incalacrado. Diz ele:

- Atã nã vê qu' o mê carrinho só pode levar dôs de cada vez... Só se mecêa s' amontar aqui na caxa adonde ê carrego as coisas p'a levar à praça...

- Tenha p' aí juízo... Era o que vocêas queriam era irem sòzinhos... Ê já resolvo isso. Sòzinhos é que vocêas nã vão. Que jêto?!...

E pronto. Assim abalô caminho da casa do mê compad'e Jôquim.

Inda a gente quái que nã se tinha tido tempo de tomar ar, já a vozêrrão delas as duas - a minha e a c'mad'e C'stóida - soava lá na rua deles. O que d'ziam nã sê, mái tamém nã tardô nada, já as novas tinha chigado até cá a esta banda.

- Já 'tá tudo arrenjado... O Zé Manel leva a gente. Vã os dôs aí nessa b'cicleta do ti Luís qu' ê cá e a c'mad'e C'stóida vamos nôtra via.

- Atã e o compad'e Jôquim, fica im terra?

- Nã te dê cudados qu' ele tamém vai com a gente...

Construções na areia - Fiesa 2009Construções na areia - Fiesa 2009
Atã e estes lá do Egipto, nã 'tã bem fêtos? É, béque-me, a rainha deles e um pobrezinho dum ênuco...

- Ó Maria, nã t' enfezes qu' a gente inda 'tava a combinar as coisas e tu nã f'cavas no rastolho...

- Ê bem ôvi o que ti Luís disse. Nã tens precisão de 'tar com desculpas...

E c'm' ê cá, d'zer a verdade, nã tinha mái nenhuma manêra de me defender, a coisa f'cô p'r 'lí e, no dia combinado, lá se foi todos caminho do Algarve.

C'm' à coisa 'tava combinada, a mim acabedô-me ir no mata-velhos do ti Luís. Ora, aquela trugia já 'tá mái velho qu' o dono, dêtava um fedôr a petrol que metia medo e o ti Luís, tamém, nã sê c'm' é qu' ele fazia aquilo, andava só ôs lóres duma banda à ôtra da estrada - q'ondo nã ia méme ô mêo, a pisar o traço e tudo, qu' os ôtros 'tavam-l'e semp'e apitando...

Ê cá, que nã uso a almarear c'm' alguma famila que nã prosa, desato a sintir assim béque-me umas ãinsas... Inda vi jêtos de bolsar. Aquilo foi p'r uma coisinha de nada...

- Eh ti Luís, tenha p' aí conta, homem!... Vá um coisinho mái brando com isso... Quer dar cabo da gente ó quem?...

- Mái devagar ainda?!... Atã isto só de ladêra à baxo é que dá uns sassenta. Agora vô-me a q'ôrenta e tal... Inda o Zé Manel, que vem logo ali atrás, s' aborrêce e passa adiante da gente...

- Dêxe-o passar!... A gente logo lá chega tamém. Mecêa nã sabe o caminho? Sabe. Atã, pronto.

Construções na areia - Fiesa 2009
Estes aqui 'tã a ver cinema. P'r o jêto, q'ondo eles inda amostravam o cinema na rua...

Más aí, já a gente ia chigando quái à recta do Rasmalho, as curvas acabaram-se e a coisa lá se compôs. Quer-se d'zer, inda se dé ôtra parte qu' ê cá nã contava com ela, E tudo p'r culpa do Zé Manel que chigô lá im baxo entes da Ladêra do Vau, mete p'a drento da a'to-'strada.

Se nã sabia ele qu'o mata-velhos nã pode andar nesses caminhos... Mái atão, desquecé-se... E lá se foi a gente os dôs sòzinhos p'ra estrada antiga até Alcantarilha. Tamém nã se perdé nada. Aparamos lá num certo sito, bobemos uma piquenalha cada um, aquilo sôbe que nem ginjas. E eles ficaram im seco...

E, já agora, semp'e l'es falo lá dos bonecos. D'zer a verdade, nem l'es sê incarecer. Custô-me um belo d'nhêrinho, lá isso custô, mái dí-o p'r bem gasto. Ê cá e a minha Maria inda se teve que pagar os dôs, já nã m' alembro bem, mái foi coisa aí duns doze eros e sessenta cêntimos... Qu' a gente somos os dôs já reformados e sai um coisinho mái barato.

Agora ê cá inda gostava de saber d' adonde é qu' eles desincantaram tanta arêa p'a fazer aquilo tudo. É que sã bonecos e mái bonecos, carros, casas, bichos, foguetõs, ê sê cá!... E tudo tã bem fêtinho que mecêas nem calculam...

Até o Camõs lá está a olhar p'ra umas moças qu' ele, p'r o jêto, incontrô lá num sito adonde elas andavam assim com pôca rôpa im cimba do corpinho, a Ilha dos Amores. E jêtosas qu' elas eram... A minha Maria é que nã gostô lá munto d' ê cá l'e 'tar a tirar o retrato, qu' ê bem vi ela fazer uma careta p' ô lado da c'mad'e C'stóida...

Construções na areia - Fiesa 2009
Estes 'tã a ver a bola na tel'visão. Só l'e falta ali um garrafanito de cinco litros...

E o ti Luís Agúida tamém se pôs a olhar munto p'a essas tás moças, q'ondo dé p'r ele já 'tava a fazer parvoêras. Veja lá que levava uns albricoques na alsebêra, drento dum saquinho de plástico, e, d' ora im q'onto, c'mia um. Lá isso, inda vá lá, mái já nã era grande figura no mêo daquela famila toda.

Agora, chegar ali, pôr-se a olhar p' às moças todo imbasbacado, puxar da sua faquinha dele, desbrugar o albricoque e jogar a casca p' ô mê do chão... Eh'q!... Nã é coisa que se faça... Vem de lá um estrangêro põe-se a fazer miécos c'm' quem diz:

- Isto aqui é algum monturo ó quem?!... Toca más é a apanhar isso...

Nã sê bem s' era iso qu' ele queria d'zer ó não, mái, se disse, foi bem dito. Volta-se o compad'e Jôquim p' ô ti Luís:

- Já viu o qu' é que mecêa arrenjô?... Panhe lá a casca do albricoque e ponha isso àlém naquele caxote... Atã que figura é essa?...

- Ai, punhana, 'tava a olhar p' às moças nem dí p'r o que fiz!... Isto, tamém, qualquer um tem um descuido. E com este calor, im menes de nada, seca...

- Que seque que nã seque, panhe lá isso. Nã vê qu' é uma vergonha?... Senã nunca mái venho consigo...

Aí, o homem, caí nele, panhô a casca e tudo se compôs.

Pôs, mês belos amigos, p'a quem goste daquelas coisas, vá lá à Fiesa 2009 qu' aquilo 'tá bonito. Mái vã assim à tardinha qu' à hora da calma que faz lá uma torrêra munto má de gramar. E nã joguem cascas d' albricoque p' ô chão...

Fiquem-se com Dés.