Este retrato é d' agora, mái, tirando as muletas, podia ser bem d' há uns cinquenta anos...
Ele há um blog, lá nesse Alentejo prêacima, bem incostadinho p' às bandas de Espanha, ch'mado "A Arca Velha". Quem o faz é um amigo bom - Chanesco, l'e chamam. E tal e qual c'm' aqui o Parente fala de Monchique, o amigo Chanesco, muntíss'mo melhor, fala da terra dele: Toulões.
Nã é p'r nada, mái é dos qu' ê cá mái gosto d' ir bispar. Nã desfazendo im denhum dos ôtros, 'tá bom de ver, qu' ê bem qu'ria era falar aqui de tôd's, mái atão e o tempo, adonde é qu' ê cá vô-me arrenjá-lo?...
E, agora, 'tô a falar deste aqui, p'r mode uma coisa. É qu' ontordia, calhô a passar p'r lá, qu' andí p'r aqueles charazes caminho de Idanha, Penha Garcia e ôtras coisas má's qu' p'r 'lí há à roda de Toulões - coisas do mái bonito que pode ser e haver - e aquilo f'cô-me aqui na idéa.
E, hoje, fui lá bispar ô "Arca Velha" e nã é qu' o amigo Chanesco des que passaram p'r lá umas corridas de b'cicleta... E com uns novecentos corredores!...Mái atão aqueles amigos qu' ê ontordia incontrí lá no adro da igreja hõ-de ter f'cado c'm' parvos de verem um estrafego assim, lá no sito deles...
Olhe qu' ê cá ia com o mê amigo Jôqu'nito, um belo amigo dos tempos da tropa, qu' a gente tratava p'r "Artista", e chigô-se a Toulões com a boca tã seca que quái que nã se dava já falado de manêra nenhuma. Más lá se meté conversa com estes velhotes ali no adro a ver s' eles insinavam à gente alguma venda que p' ali havesse.
Dá gosto 'tar um pôcachinho no adro da igreja de Toulões e ver coisas assim...
- Ora, 'tejam p'r 'qui com Dés...
- Boas tardes.
- Esta igreja é bem bonita... Isto já sará munto antiga?
Disse ê cá, só p'a meter conversa.
Responde a m'lherzinha das muletas:
- Oh, isso já tem muntos anos...
- Mái ela foi arrenjada, calhando, inda nã há munto tempo...
- Olhe ê cá nã m' alembro disso. Se foi, há-de ter sido entes d' ê narcer...
- Atã e nã há p'r 'qui um sito adonde a gente possa b'ber qualquer coisinha p'a matar a sede?
Diz o homenzinho das cabras, que vinha passando nesse entrementes e béque-me trazia pôco vagar, que nã sê s' era das cabras s' era dele, ia falando e andando:
- Isso, ali do lado de lá, há um cafèzinho, vã lá que sã bem servidos.
- E aqui, logo ô pé, nã há nada, assim mái perto?
- Nã senhora. Cá só há aquele... Mái tamém nã é munto desviado. É logo ali...
E lá fomos, andô-se de trás p'a diante, de diante p'a trás, até qu' incontramos a venda e se matô a sede.
Mái voltando ô blog "A Arca Velha", 'tejam certos que s' ele há blogs que morêcem a gente ir lá devassar é méme este. Contos bem contados, tudo c'm' deve de ser, e usando tamém d'zeres lá à moda deles, qu' é uma coisa c'm' se vê pôco.
Exp'r'mentem a ir lá e logo veêm. Cada conto é mái bonito qu' o ôtro. E, em a gente desatando a ler, nunca mái s' apara. Podem-se fiar im mim qu' ê 'tô d'zendo a verdade.
Acalquem aqui que vã logo lá parar.
E com rec'mendaçõs p' ô amigo Chanesco e p'a tôd's, qu' aqui nã se dêxa ninguém f'car p'a trás, passem bem e até mái ver.
Meu caro amigo Parente
ResponderEliminarCom esta surpresa deixou-me o meu amigo desarmado, desconcertado, sesibilizado a valer.
Saiba que por aqui todos são bem vindos a esta boa terra, terra de gente boa e hospitaleira, mas são mais bem vindos ainda aqueles que, sabemos, nos querem bem.
Não dá por perdido o seu tempo, nem anda desencaminhado de certeza, quem por cá se perde, mesmo que se depare com o 1º ou o 2º Beco, como o Parente comentava num dos seus posts anteriores a propósito de Toulões, mostrando como é bom observador e como gosta de apreciar a simplicidade e o que há de genuíno nas nossas gentes.
Quanto à questão de molhar a palavra, deduzo que o tenha feito no café à parte de baixo da igreja e que certamente reparou no nome: “O Algarvio”. O dono do café é um patrício seu, ex-emigrante, natural de Figueira (Messines), que cá veio parar porque “bebeu água da fonte”.
Por esta “homenagem” e também pela visita à minha terra, da qual mostra uma foto da igreja como nunca a vi tão bonita: BEM-HAJA!
Ou como dizemos por cá:
Bem-hajas-vomecê
Um abraço de amizade para si e para as gentes de Monchique que têm no Parente de Refoias um digno representante.