'Tejam com Dés mês amigues. Já nã sê há q'onto tempo nã l'es d'zia nada, mái nã cudem que 'tava desquecido. Abalí foi p' ô Porto p'r três ó quatro dias e só agora é que dí voltado. Calem-se aí, panhí cá uma barrigada que nem mecêas calculam. Aquilo foi d' encher o papinho. Andô-se na charola désna que s' abalô de cá até se voltar...
Só tenho a l'es pedir desculpa de 'tar tant' ô tempo sem l'es dar uma vàiazinha, mái atão, ajuntí-me p'r lá com tantos amigos bons, quái tôd's do tempo da tropa, e dé-se o caso de, tant' eles com' ê cá, se 'tar mal servidos de comp'tador. Portátèles, nenhum tem e, méme internet, só ê é qu' inda p' aí mexo nisso. E màlamente... Isto p'a nã falar na falta de vagar, qu' aquilo foi só comer, bober e andar na geraldina.
E teve graça que, méme sem ter isso em mente, cheguí cá, desembarquí logo na fêra do presunto. P'a d'zer a verdade, ist' é uma fêrazalha bem pequena, mái nã l'e olhem ô tamanho p' a saberem o cagaçal que faz e a chusma de gente que lá vai. Punhana, tinham lá uma aparelhája qu' até fazia estramecer tudo... Inda encontrí uns amigos e parentes, mái atão quem é que dava paleado alguma coisa uns com os ôtres com um lanedo daqueles...
Agora presuntes, chôriças, morcelas, mólhes e ôtras tantas coisas, isso havia lá até mái não. E do melhor que pode ser e haver. Era, quái tudo, uma classe. E calhô-me méme bem. Da quem nada, hõ-de ser os mês amigues lá de cimba do Porto a par'cer p'r 'í, e ê tenhe que l' amostrar bem a q'ôlideza aqui das nossas coisas e apresentar-le uns belos farrachos de presunto e de chôriça cá de Monchique.
Olhem qu' eles trataram-me lá, que melhor nã podia ser. Era só dec'meres lá à moda deles. Coisas do melhor.
E, já agora, semp'e l'es conto uma coiséca ó duas.
Olhem, ajuntames-se lá aí perto duma dúiza deles, tudo malta danada p' ô pagode, e logo em nôte de S. João. Em mêa-tarde já a gente se 'tava jogados a uma caxa de sardinhas, a assar nelas em forte e c'mê-las logo assim que se tiravam do borralho. Os v'zinhos, se nã fecharam bem as j'nelas, haveram de f'car com um belo defumadoiro em casa, sa senhora...
P' à acompanhar, vinho era do que se qu'zesse. Tanto faz do branco com-mo do tinto, do alentejano e do de lá de cima. Mái p' às m'lheres, 'tá claro, tinha-se do verde que semp'e era um coisinho mái fraco.
À fim de se c'mer aquilo tudo, abala-se caminho da R'bêra - lá aquela parte ô pé do rio adonde a malta s' ajunta quái toda - p' à sanjoanada do Porto, uns com um espigo d' alho na mão, ôtres com um martelinho de plástico daqueles que tamém se usam no entrudo.
Punhana mundo!... Inda nunca tinha dado com tamanha preçanada de famila junta... Aquilo era c'm' formigas-de-rabo-azedo. E nã havia nenhum que nã trazesse o sê martelinho ó o sê espigo d' alho - eles chamam-l'e alhos pôrres - e vá marteladas nos cascos da gente ó atão vá de esfregarem os espigos d' alho nas ventas duma pessoa, qu' aquilo era um fedorum que nã s' aguentava...
Inda bem não, desaprecatí-me, vem de lá uma, com um mólho nã sê do quem, aquilo béque-me dava ares era a um basculho ó atão a um barredoiro qu' a minha Maria usa ali p'a alimpar o sôlo do forno, esfrega-me-o na fúiça, até panhí medo. Logo, pensí que saria quasequer coisa assim com algum chêro má de tragar, mái nã teve dúv'da, qu' até chêrava era bem. Era, nem mái nem men's, q' um braçado d' erva-cidrêra, vejam lá...
Tamém, tanchí-l'e com o mê martelinho três vezes na cabeça qu' até chiava. E a marafada nã s' emportô, home. Até dêxava f'car a cabeça a jêto p'a ê l'e dar más. Mái atão, a minha Maria 'tava logo ali ô pé, c'meça-me a olhar de esguelha, tive que me f'car...
Más olhem, p'r mái que diga, nã l'es dô encarecido o lanedo que se dé na R'bêra e nos Aliados e naquelas ruas todas ali ô redor. Aquilo foi marteladas tod' à noite, quái mêa-hora de fôgues d' artefíço, cantorío, foguêras, ê sê cá... E é qu' aquilo durô até às tantas e cada vez se via mái pessoal naquelas ruas. Calculo que muntos haveram de se ter ido dêtar já com o sol nacido. Gostí ô bem fêto.
Já 'tô c'm' às manas das Caldas. Que bela sanjoanada!...
E, hoje, fic'-me p'r aqui, qu' ê inda 'tô um coisinho enzamboado destes dias tôdes a andar na boavaiela.
Em podendo, qu' ê cá, agora, tamém tenho p' aqui o mê governo todo enleado, logo l'es conto mái umas passajas que se deram nestes dias tôdes.
Dés l'es dê saúde.
Veja lá compadre qainda há pedacinho tive a escrever de que nã sabia nada de si e afinal já tá de volta do sé passêo. Põs inda bem que fez boa viaja e s'advertiu que nem um valente.
ResponderEliminarÉ cá come nã tava munto bem, nã saí do monte neste S. João, acabi por ver os fogos nas notícias e eram um verdadêro incanto...
Atão é nã o avisi qas bimbas eram bem danadas? Só me desqueci de le falar no fedor dos alhes pôrres e aquile têm um pé tã compride que méme de longe nos chega logue ó nariz.
É bem que desconfii que mecêa só nã ia à fêra do persunto se nã desse de manêra nhuma e onte enqonte lá tive andi sempre de galga no ar a ver se descobria algum home a atirar retrates pa ver sú conhecia, má nada, deve ter de side a outra hora.
Este ano nã achi munto jeite àquile naqule sito à torradêra do sol. Era melhor no Descansa Pernas à sombra daquela barraca grande...
Quem nã havera d'achar tamém graça foi o Tó Zéi do café, pôs assim estragarem-lhe o arrenginho do negóiço dele.
Passe bem parente, agente logo palêa más um pouque.
O sé amigue Campaniço
Olá, seja bem vinde Ti Refoias!
ResponderEliminarJá tinha vinde aqui umas q'ontas vezes á sua précura e nada.
Agente aqui no estrangêro, infelizmente, nã temos Santos Populares, ninguém festeja nada disso, nem isso, nem o Carnaval. Agora têm-on é andade de cabeça baixa desna que perderon o jogue da bola com Pertugal. Nã fui á fêra do presunto nem dos choriços mai inda tenhe aqui uma choricinha que me deu o mê ti Antóine. Que Dés lhe pague que tem sido sempre mê ameguinho desna quê cá era pequenalha. Até outre dia e fique-se com Dés, quê com Dés me vou tamém.
Ora viva! Cá eu também passei pela feira do presunto na 6ª feira à noite mas só a vi de longe pois o fim de semana estava destinado à família lá de baixo da Vila Nova... Mas deu p perceber que estava uma animação só!
ResponderEliminarÓ compadre Campaniço, andou à cata do Ti Refoias?! Olhe, qd eu estiver na minha semana de férias anual em Monchique (este ano deve ser a 1ª de Agosto) combinamos e fazemos-lhe uma espera!!
Saudações daqui das bandas da margem sul do Tejo!