Esta casinha serviu p'a muntos môç's-pequenos aprenderam o abecedário e os números. Era no tempo qu' a famila nã tinha d'nhêro e nã sabia ler, mái, méme levando uma vida arrastada, semp'e havia os qu' arrenjava uns t'stanitos p'a pagar a quem l' ensinasse os filhos.
Ê cá nã andí nela, mái contaram-me. E p'la aira qu' ela tem p'r fora, a gente faz uma idéa do cómado qu' ela tinha p'r drento. Mái nenhum se quêxava e tôd's s' alembram dela com soidades.
Olhem, elect'cidade nã tinha - apr'vêtava-se a luz da rua qu' entrava p'la j'nela e p'la porta - água encanalizada nã tinha - tamém a gente nã precisava de se lavar munto com-mo agora - retrete nã tinha - nesse tempo pôcas casas tinham e a gente governava-se adonde podia - secretáiras nã tinha - escrevia-se no colo sentados numa cadêrinha de tabua ...
Mái tinha ôtras coisas qu' agora béque-me já nã há ó vê-se munto pôco. Olhem, tinha-se vontade de aprender, tinha-se míngua de tudo, os nossos pais tinham mando na gente e a gente, méme fazendo umas b'lharetas, tinha-se respêto p'r eles.
Agora, vêo-me à idéa uma parte que me contaram duma moça-pequena qu' andava lá nessa escola e era munto gavina. Um dia o avó, um homem trabalhador e de munto respêto, que gostava dela ô bem fêto, foi a casa c'mer um umas batatinhas de molho frio qu' era o qu' havia p'ô jantar.
Apresentaram-l'e uma malga de batatas empérias, cozidas com casca mái munto bem despaladinhas, cortadas ôs quartos e bem temp'radinhas d' azête e alho. O home 'tava-se revendo naquilo.
Tirô o chapéu, assentô-se â mesa e c'meça a espenicar com o garfo nas batatas que l'e tinham tirado p' ô prato. E nã se resolvia a c'mer. Até que disse:
- Eh'q, isto calhava aqui mái um coisinho de molho. O azête nã é quái nenhum...
Diz logo a Marizinha, a tal mecéca qu' andava na escola-paga:
- Mãe, o avó quer mái molho. Ê cá ponho-l'e...
E, munto l'gêra, despeja-l'e com o copo d' água, que tinha frente, todo p'a drento do prato... As batatas f'caram a boiar, o pôca azêtinho que lá 'tava saltô p' à toalha e o velhote f'cô-se, ensampado.
Naquilo, desmancham-se todas a rir cada uma p'r sê lado. Ora, o homem enzainô-se e inda ra-m'cô p' ali:
- Suas desavergonhadas!... A moça-pequena faz uma piléria destas e inda se 'tão a rir... Já nã há respêto nenhum... Vem um homem cansado do trabalho e acontêce-l'e uma coisa destas...
E elas, bem s' espremiam p'ra ver se nã riam, mái atã quem é que se dava aguentado?!... Vá galhofa... Vá risada...
Punhana! O ti Chico do Pomar, dá-l'e uma gavierra, levanta-se da mesa, dá uma carrêra até ôs cantêros, joga-se à inxada e vá de cavar que par'cia ele que tinha c'mido um jantar de fêjão bem temp'rado e um belo pique de carne.
Pôs nã l'es digo senã que, nã tardando nada, em vez de rir já choravam... Lá foi uma, munto a custo, falar com ele a l'e pedir que viesse c'mer, qu' aquil' era coisas da m'çalha, que nã sôbe bem o que fez e más isto e más aquilo.
Custô a fazê-lo voltar... Se nã fosse a fome apertar com ele, nã sê munto bem o qu' é qu' aquilo daria...
Bom, inda era p'a l'es falar da fonte do castanhêro, mái fica p' a ôt' ocasião. Se qu'serem ver uns q'ontos recantos da Vila, vã aqui, qu' ê nã tenho escrevido nada no blog p'r ca'sa de andar tamém a mexer no site.
Dés l'e pague p'r virem ler estas coisas e atã ôs que dêxam um palêozinho nem sê com-mo l' agradecer.
Fiquem-se com Dés.
Boa noite compadre!
ResponderEliminarMais uns olhares bem apanhados sobre Monchique... Infelizmente não consigo identificar os locais... Acho que nunca por lá passei! Quando for aí abaixo vou investigar!
A Barb'leta tá boa?! Será que qualquer dia tem direito a ter o retrato dela aqui no seu blog?! Espero q sim! Fartei-me de rir por causa do "buja-buja" que os meus colegas cá de cima não sabiam o que era... Mas há lá melhor forma de chamar os "canites"?!
Cumprimentos,
Carla
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