22 março 2006

O Carvalhêro da Estrada do Alferce

O carvalhêro da Estrada do Alferce no dia da neve
No dia da neve, até o carvalhêro da estrada do Alferce foi crismado com ela. Nã no vêem ali drento daquele risco? A f'tografia é ruim, más ê cá, tã penas arrenje ôtra capaz, logo a ponh' aqui.

Alembrí-me, inda agora, de falar nele premode qu' andam p' aí uns a d'zer coisas com respêt' ô arvoredo de Monchique e ê cá nã vejo as coisas munto à manêra deles.

'Tão munto crusidôsos premode andarem a cortar calitros na estrada da Fóia e tamém já terem marcado os da estrada do Alferce e Marmelete (olhem qu' eles já 'tão marcados vai p'a dez anos ó más e, pre más do q' uma vez, já os pintaram). E béque-me pensam qu' isso é o méme que fazer mal ôs carvalhêros ó ôtras arv'es assim.

Ora, ê cá nã vejo mal nenhum em cortar calitros. Eles sã' méme pr'a isso, p'a dar madêra: borregos, traves e varas.

Só os trazeram cá p'a Monchique p'a esse efêto, pr'a nossa desfortuna. E, falando verdade, é uma arv'e que, se nã fosse dar um rendiment'zinho e trabalho a munta famila, nã fazia cá ôtra falta.

Falta fazem os castanhêros qu' os noss's avozes tinham e já se perderam, as sobrêras qu' arderam e só daqui a cinquenta ó cem an's é que voltam ô mémo, s' as despôrem, os madronhêros, as adelfêras e mongariças e por í diente.

E, p'r falar em fôgos, eles deram-se, premêro, premode haver gente ruim que tiça fogo ô arvoredo, sigundo, premode haver tantíssimos calitros e p'nhêros, qu' é neles qu' o fogo pega bem e, despôs, nã há bombêros que deam conta daquilo. Olhem qu', há cinquenta anos, nã havia fôgos assim. Nem nada que se par'cesse... E tamém nã havia calitros.

Méme ô queres, vêo-me, agora, à mimóira uma passaja que se dé' com-migo, logo pralàzinho do Carvalhêro, naquela recta entes de chigar ô Raxinol, já vai pr'a cimba duns belos anos.

Aquilo fazia uma ventania tã grande ó tã pequena qu' andava tudo nos ares. Até urrava....

Vinha ê cá, munto descudado, a cavalo no mê Jericó a caminho da Vila, pensando no qu' havera de comprar à do parente João Chula, Dés o tenha no céu, q'ondo, naquilo, oiço um estralo, pum!, um calitro atravessado no mêo da estrada.

O mê burro estancô e espetô a s orelhas a olhar p' aquilo. Ê cá f'quí branco com-m' à cal da parede. E disse cá pr' a mim e p'ô mê Jericó:

- Olha s' a gente vai cinquenta metros más adiente, hã?!... Inda bem que tu aparaste, ali ô Cabeço de Ferro, p'a fazer aquela bonicada... Mê belo burro!... Par'cias tu qu' ad'venhavas...

Bom, p'a encurtar de razõs, um calitro, qu' ê nã o dava abarcado, atravessô-se na estrada dum lad' ô ôtro.

E agora, p' ô mê Jericó passar?...

Logo, o bicho panhô medo, nã qu'ria se chegar ô pé daquilo, despôs, tamém nã l'e dava dado um salto pr'e cima. E ê cá com pressa de chigar à Vila...

Vá lá que, mái-logo, par'ceu p' ali um carro dum diabo qualquer, dum sito lá pre trás dos Engrenêros, dé' a volta e foi ch'mar um amigo bom, ali do Cabeço de Ferro, que lá trôve um m'tôr, daqueles qu' eles usam p'a cortar madêra, e cortô aquilo em pedaços e a gente lá os arrab'lô p' à valeta.

O resto logo l'es conto nôtra ocasião.

Tenham munta saúde.

1 comentário:

  1. Olá Parente
    Há uma porrada de tempe qu'é cá nã le digue nada, má né per tar chatiado, é que com este bele tempe, só tenhe andade na "boa vai ela"...Tenhe lide as sus cousas, má assim que posse safe-me logue da porta pra fora...
    Com respête a este carvalhêre, tenhe a dezer que tenhe aqui pra casa uma porçanada de felhotes dele, pra mim despor.Põs vou contar com'aconteceu:no últem'inverne, vinha é cá assomande à curva no mé carreque(o tal mata velhes de que já le fali) e ripairi num diebo ali do Açor, com a metorizada aparada e a apanhar lãindas pra um saque de plástique e é cá apari tamém e fui logue ver se percebia o que se passava. Ele atão, qu'é um bom amigue desplicou-me o que tava a fazer( queram pa samiar na terra dele que tá metida numa ZIF) e assim imiti-o logue.O qu'e certe é que tenhe lá uma semiadura qu'até da goste de ser viste...Há gente lá daquela banda que nã gosta do home, chamem-lhe commnista, más ele tratou-me sempre bem e é cá nã tenhe nada com isse...

    Passe bem parente

    O Campaniço

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