10 março 2006

O Jericó

Hoje, faltô-me tempo p'a 'screver mái quasequer coisinha. Só agora, à hora de cêa, é que lá arranjí um nadinha de tempo p'a palear um coiséco.
Acabí de tratar do mê Jericó, qu' é um bel' burro, mái 'sperto qu' alguma famila.
Q'ondo l'e dô palha, c'meç' abanar o f'cinho e assopra pr' o nariz. Se l'e dar r'ção, come tud' o que l'e ponh' na masdoira e inda fic' a olhar.
Por iss' é qu'ele 'tá lustroso como 'tá. E o trabalh' tamém pôco faz. Atã ist', agora d' inverno, nã se dá fêto quái nada...
Pedi ô filh' do mê parente Tóin' Roça, qu' anda a 'studar e, per' o Natal, deram-l'e uma mánica, p'a me tirar um retrat' ô bich'. E nã é qu' o animal f'cô bem na chapa?... Olhem p' aquela categoria, d' orelhas bem 'sp'tadas e f'cinh' p' á frente...
O mê Jericó só l'e falta falar, diss' 'tejam cert's.
O que é, éque, q'ond' vê uma burra jêtosa, zurna, zurna qu' até amostra os dentes.
Uma ocasião, ia-se os dôs a caminh' da Refóias, ele adiente e ê cá atrás, e tinha-l'e post' à 'rreata em cimba do aparelho. Ele lombrig' à burra do ti Mané' Junça, inda munto desviado, nã quêram saber. El' andava de maré, foi o bom e o bonito...
Punhefra, abala-me a fugir pr' aquele caminh', ê cá bem l'e arrulhava "aí chó!, toma chó!"... Qual aí chó, nem qual toma chó. Só parô ô pé deles, e vá de se qu'rer jogar à burra. Foi um engavelo dum raio. Até f'quí enverg'nhad' com o mê parente.
Mái, tirand' iss', é um burrinh' do melhor que há.

1 comentário:

  1. Tá viste qu sé burreco é maline! É toude atiradice,ena!Nã pode ver uma burra de saias...

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