16 março 2006

O Plátano do Barranc' dos Pisõs

Plátano do Barranc' dos Pisõs, com mái de cem an's
Uma ocasião, o filho do mê compad' Jôquim do Barranco vê' ver o pai, qu'ele trabalha num hotel, lá p'ra baxo p'a Vila Nova, e nã é que já vêo num carrinh' dele?!...
Ora, toca de convindar o pai p'a ir dar uma passêo. O mê compad' alembrô-se, log', de mim. E diss' ô Zé Manel p'a me levarem tamém. Nã sê s' o môç' g'stô ó não, más ele' é mê amig', calhand', nã s' emportô.
Parêcem-m' lá os dôs, a pé, à minha porta, p'rqu' a carr'lêra só chega p'r trás de casa, e c'meçaram a matinar com-mig' p'a ê ir com eles.
Ê, tamém, com' nã tenh' vergonha nenhuma, diss' log' que sim. D'jando 'tava ê cá...
Saca desenlaca, p'a dond' é qu' ele havera de levar a gente? Meté-se ali naquela estrada p'r trás da Fóia, foi andando, foi andando, em men´s de nada chegam's ô Barranc' dos Pisõs.
Já há um bel' tempo qu' ê nã ia p' aquelas bandas e f'quí content' com o que vi.
O plátano lá 'tá, há mái de cem an's, cada vez mái grósso. Puseram-l'e aquelas mêsinhas de pedra p'r baxo, p' ôs estrangêr's s' assentarem e, p'lo jêto, tamém vã lá munt's algarvi's e d' ôtr's lad's.Mái o más bonit' qu' ê achí foi uma azenha velha q' havia lá mái prebaxinho e ´tá toda arrenjada de nov'. D'zeram-me que foi a Junta que fez aquil'. É que gostí méme de ver...
Fez-m' alembrar q'ond' ê cá ia com a tal burra, a laranjinha, caminh' do Moínha de Cima levar três saquinh's de trig' e, despôs, ia lá b'scá-l's, p' à semana, já fêt's em farinha. Mái, ness' altura, já vinham mái lev's, qu' o molêro já tinha tirad' a maquia.
E atão, com-m' à minha Maria se tinha alembrad' de me dar uma bolsa com uma garrafinha d' aguardent' e um farracho de bol' de tacho, aprovêtam's uma altura que nã 'tava ali mái ninguém e b'bem's uma rodadinha cada um, com um coisinho do bolo a tapar.
F'cam's ali a lambarear um bel' pôco, sem nunca apar'cer mái ninguém, fom's, fom's, b'bem's a garrafinha toda. E já o Sol ia baxando.
Uma coisa l'es dig' ê cá, era-se p'a passar p'la Vila, más o Zé Manel já 'tava um coisinho escorvad', voltam's foi p'r o méme caminh', entes qu' s' encontrass' p'a lá a Guarda e se panhass' alguma murta. E sab'-se lá s' ele nã f'cava sem a carta.

4 comentários:

  1. Que maravilha! Adorei as suas histórias e fotos!

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  2. Desna de moce pequene que às vezes vou dar uma volteca até ó Barranque dos Pisõs, más aí pla altura da Páscoa fui até lá e fiqui com uma grande peninha de ver que tinham lá prantado uma tablete,( que nã era de checolate ), má que dezia:Água Emprópria. Fiqui triste, até se me cortou o coração...
    Ácerca dáguinha havemos de falar inda bem munto...
    Depôs sube que vêm umas moninas de carrinha e bata branca encher uns frasquinhos d'água (da nossa aguinha) e levam para a análise.
    Quem pindurou lá as tabletas forem os sinhores da Cambra - O sr Jorge, qué lá do norte e o sr estagiário engenheiro do embiente que é Miguel e qué de Portmão.Ora ande ligar muto à nossa águinha e à nossa terrinha...
    A mim prope me foi dite, na Cambra, quiam limpar as minas das fontes públicas e os barrances e até hoje nada foi feite. É só pa calar cá o Zéi.
    Monchique tem munto pa dar ós sés e ós de fora, má pra isse é precise limpar, perservar e desenvolver.
    O parente sabia que tante o sr engenheiro Miguel, come a senhora engenheira Sónia (ambes engenheiros do embiente), tã mai ligades é às cousas das obras? Pôs é, com 2 engenheiros havera de tar melhorzinho...
    Até mai logo.Sachar qué fale demás e saborrecer, diga, faz favor.

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  3. Mê bel' amig' Campaniço:
    Com esta já f'quí a saber que mecêa s' ent'ressa tanto ó tã pôco cá p'la nossa terra qu' até pede dexplicaçõs ôs da Câm'bra.
    Pôs nã faz vomecêa senã muntíss'mo de bem.
    Ê cã nã nos conheço e tamém nã sê falar com famila tã emportante, home.
    E inda l'e digo más. P'ra ir lá e eles m' indròminarem e ê cá inda f'car mái enzàinado, é melhor 'tar queto.
    E nã l'e parêça mal, mái semp'e l'e digo más uma:
    Mecêa é que sabe, mái veja lá s' eles s'a pequentam de vomecêa l 'alomear os nomes...
    Tenha munta saúde e Dés l'e pague os sê's comentáiros.
    O Parente da Refóias

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  4. Parente, pôs às vezes é quaje que fique um pedacinhe compremetide de alumiar o nome das pessoas, más o qué certo é qué nã envento nada, só digo o que me dizem, por isse sé mintira nã é minha e há certas verdades que é pra serem ditas, doa a quem doer. Temes dir prá frente e nã ter mede! É pró bem da nossa terra e de todes nós. Atão se tevermes boa aguinha, nã haver lixe, nã haver troços quimados e de raboleta praquelas carrelêras e más cousas qué podia levar uma nÔte entêra a alumiar nã será bem bom pa todes? Á isse é qué cá chame qólidade de vida e áté podemes imitar os nosses amiges lá debaxo do Algarve e dezer: "É bom viver em Monchique" É tou só a reinar..., qué tamém sei qá muta cousa que depende do pove, né só dos gevernantes. É prope limpi as minhas coezecas que marderam e nã vou ter lucre nhum, mas ache qassim é que tem desser e tamém já aprendi a separar o lixe e a fazer a compustage. Nos outres tempes agente chamava estrumêra, agora é compustage, mas é goste diste, ache qué bem bom.
    É peguo nos saques de plástique e levo no mé carrito (um mata velhes)prá vila, qó pé da minha caseca nã há os depósites e tenho pedido ós més vezinhes prá fazerem o méme.Nã acha bem parente?
    Boa nôte e descanse bem qué pa ter más idéas.
    Hoje amande-lhe um abraçe e recomendaçôs pá su Maria.

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