17 março 2006

Porta d´entrada da Igreja Matriz, da era de D. Manel I

Porta d' entrada da Igreja Matriz, fêta na era do Rê D. Manel I
Um D'mingo destes, fui à missa, mái ch'eguí inda faltava munto p' ô mê-dia. Atã, parí ali no adro, nã 'tava inda lá ninguém e, enq'ont' esperava, o qu' é qu' ê havera de fazer... pus-m' a olhar p' à Igreja.

E vi qu' ela 'tava bonita. Dava gosto de se ver. Florinhas ali à frente, pared's caiadinhas de branco, os alizares da porta d' entrada bem ajêtadinh's, 'tá bem que têm a pedra já um coisinho delida, bem podera... foram fêt's nôtr's temp's, des qu' há mái de qu'nhent's an's.

Más ó men's, q'ond' o Rê D. Manel I governava cá. Aquil' é que foram temp's... Era das partes qu' ê mái gostava, q'ondo estudí aquelas coisas dos rês, na quarta classe. Era só barc's portugueses p'r tod' ô lado, aí p'r esse mundo fora... E ness' tempo, Portugal tinha posses e era conhecido.

Põs nã l'es digo nada, 'tava tã encrençad' a olhar p 'àquilo que nem dí p'r o tempo passar. Se nã é o mê parente Joã' da Êrinha chigar ô pé de mim e me comprimentar, calhando, nem entrava a horas p'à missa.

- Teja com Dés, Parente da Refóias - disse-m' ele, assim, de chofre.

E ê cá, mê abismado, lá l'e respondi: - Dés l'e dê saúde, parente João.

E daí, é qu' ê olhí bem p'ra ele. Vinha-me todo bem vestido, com umas calças de bombasina e um colete castanho, até umas correntes, que l'e caíam na als'bêra do colete, ele tinha. Os cabelos chêos de br'lhantina e pentead's p' ô lado, com uma marrafinha ô mêo. E uns óc'los de pó!... Punhana!...

- Parente, mái atão, vá' aí a alguma festa? Num lux' dess's...

- Vô, sa senhora... Atã nã sabe qu' hoje é o bàtizo do mê neto, log' a seguir à missa?

- Olhe, nã sabia. Atã que seja com munta saúde. C'm' é que se chama o m'céco?

- Olhe, é um nome desses m'dern's qu' ê nã sê d'zer bem. Inda nã m' habituí. É, béque-me, Sandro Rafael...

- O qu' é precis' é qu' o sê filho e a su' nora gostem. Nã sã' eles qu' o vã' ch'mar?

Bom, lá paleamos más um pôcachinho e, em men's de nada, t'vemos qu' entrar p' à missa.

P'a falar verdade, tive com pôc' atenção ô qu' o Sr. Prior disse, Noss' S'nhor me perdoe, mái aquele nome nã me saía da cabeça. Sandr'...

E tamém, ôtra coisa. É qu' ê inda nã tinha olhad' bem lá p' à parte de drent' da Igreja. E, nessa vez, é qu' ê vi bem o trabalho que 'tá lá fêto...

Nã tardando munto, ê logo l'es falo a respêto diss', qu' agora tenh' qu' ir tratar dos animazes, qu' eles já 'tão p' ali a gornir no curral, qu' nã os poss' ôvir...

Dés l' e dê saúde a tod's vomecêas.

2 comentários:

  1. Parente, pôs é cá sempre gosti muto da nossa ingreja e tamém tou muto ligada a ela, pôs os més pais casarem-selá, é cá batizi-me, fiz a premêra quemenhão, crismi-me e casi lá tamém. Só nã sei porquéque nã fiz a prefissão de fez ( só se naquele tempe nã havia).
    Quem me casou foi o prior Melo, o más velhe, que já nem malembro o premêro nome dele. Ó más nôve chamavam " Sr Padre Zézinhe", acho por ele ser assim béqueme pequeneco, mas pra mim foi sempre munte bom.Que Dés os tenha no Céu pa continuarem a olhar pra gente,(plo mundo), que bem precisado tá...!!!
    Que Dés o ajude, amigue.
    O atrevidote do Campaniço

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  2. é compadre, nã fui de passêo come a mecê e meme assim nunca más le disse nada, come lavera aprometide, má nã foi per mále, é que nã calhou...
    olhi, logue no demingue a seguir ó dia que le fali, fui à missa da tarde (ás duas e mêa)e inda olhi com más cuidade pá nossa ingreja, tive a devassar méme tude e cada vez goste más dela...
    É nã vou sempre à missa, imbora respête munto, má naquele dia era especial.
    Era tamém por entenção duma prima minha que Dés tenha e plas melhoras dum moce cá da terra que teve um grande acidente e tá mal no hospetal lá embaxo em Portmão e a Terezinha Dias alomia sempre, em todas as missas, uma intenção pla recuperação do pobre coitade e é cá fiqui munte satesfête pre rezar pla alma dela e pla cura dele.
    Que Dés nos ajude a todes!
    Sainda nã voltou da su viaja, que continue a sadivertir.
    Um abrace


    O Campaniço

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